Expectativa

Novo terá candidato só em três cidades e aposta mais em BH

Mesmo no governo, partido tem pretensões relativamente modestas em relação a outras siglas

Por Thaís Mota
Publicado em 21 de agosto de 2020 | 04:00
 
 
 
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Em sua segunda eleição municipal, o Partido Novo aposta em seu crescimento em Minas, mas optou por ter candidatos a prefeito em apenas três cidades do Estado: Belo Horizonte, Contagem e Araxá. Além disso, a legenda terá candidatos a vereador também em Poços de Caldas e Juiz de Fora. No último pleito municipal, ainda engatinhando, a sigla disputou somente a Câmara da capital e conseguiu eleger seu primeiro vereador no Estado, o hoje secretário geral do governo de Minas, Mateus Simões. Em 2018, no pleito que elegeu Romeu Zema (Novo), o Novo conseguiu também três cadeiras na Assembleia Legislativa e duas entre as vagas mineiras na Câmara Federal.

A expectativa de lideranças e candidatos da sigla é que o Novo chegue ao segundo turno na capital mineira, cujo cargo é disputado pelo ex-presidente da Companhia de Tecnologia do Estado de Minas Gerais (Prodemge) Rodrigo Paiva. O partido também acredita que seja possível conquistar a maior bancada de vereadores na Câmara da capital.

“Agora, a gente já tendo as bancadas federal e estadual, e o governo do Estado, a gente afasta essa dúvida sobre a viabilidade, e eu tenho certeza absoluta de que nós vamos ter um crescimento expressivo, e acredito que em Belo Horizonte, especificamente, a maior bancada da Câmara será a nossa. Tenho certeza também de que vamos eleger vereadores em todas as cidades onde vamos concorrer”, avalia Mateus Simões.

O partido trabalha para arregimentar uma base de pelo menos quatro ou cinco vereadores na Câmara da capital, mas a meta seria eleger oito. “Só para se ter uma ideia, em Belo Horizonte, eu tive 190 mil votos como candidato ao Senado. Essa votação seria suficiente para eleger oito vereadores”, disse o pré-candidato a prefeito da capital e candidato ao Senado nas últimas eleições, Rodrigo Paiva. Ele também é otimista quando questionado sobre a viabilidade de chegar ao segundo turno: “Com certeza, não tenho dúvida disso”, afirmou Paiva.

Vereança

Em 2016, um ano após ser fundado, o Novo lançou 29 candidatos a vereador na capital mineira. Em 2020, o número de pré-candidatos até agora é 37, mas nem todos devem ser oficializados na convenção do partido, que ocorrerá em 1° de setembro. É o caso do atual vereador Dr. Bernardo Ramos, que assumiu a vaga deixada por Mateus Simões. “Sou pré-candidato, aprovado no processo seletivo, mas muito provavelmente não serei candidato”, disse o parlamentar, sinalizando que a desistência seria por motivos pessoais.

Hoje, o partido conta com 91 pré-candidatos a vereador no Estado, mas o número pode mudar até o final das convenções. Além da capital, o partido disputa o Legislativo em Araxá, Contagem, Juiz de Fora e Poços de Caldas.

Em Araxá, o partido também está na corrida pela prefeitura, com Emilio Neumann, tendo Marcos Amaral Teixeira como vice. Já em Contagem, Márcio Bernardino e Marcelo Pereira formam a chapa que concorre ao Executivo.

Na avaliação do cientista político e professor Adriano Cerqueira, do Ibmec, o partido tende a crescer porque foi estruturado a partir de ideais de renovação e mudanças em relação aos partidos tradicionais, como a não utilização de recursos públicos e a escolha de candidatos por meio de processo seletivo. “Essa demanda por novidade ainda continua forte, e o Partido Novo está alinhado com a renovação”.

Na eleição de 2016, o Novo tinha 695 filiados no Estado. Hoje, conta com 5.468, em 376 municípios mineiros.

Zema participará ativamente

Atualmente, Minas é o segundo Estado com o maior número de eleitos pelo Novo, perdendo só para São Paulo, e o único que elegeu um governador no pleito de 2018. Romeu Zema teve uma votação expressiva e venceu o segundo turno contra o senador Antonio Anastasia (PSD), com 71,8% dos votos.

Por isso, a participação do governador na campanha dos candidatos do Novo em Minas deve ser ativa. “O governador terá uma participação efetiva nas campanhas. Além da ligação pessoal que tem com os candidatos, ele tem um compromisso de fazer com que o Novo se transforme em uma realidade ampliada, e ele já dizia isso desde a época em que era um candidato em quarto lugar nas pesquisas. Então, faz parte das tarefas dele garantir que o Novo cresça neste ano com a eleição de prefeitos e vereadores. Então, o fato de ele ter se transformado em governador só aumenta a possibilidade de ele ajudar”, disse o secretário geral Mateus Simões.

Para o cientista político Adriano Cerqueira, o fato de Minas ter o governador eleito pelo Novo já favorece os candidatos da legenda. “O que a história ensina é que o partido do governador de Estado, quando ele está em exercício, costuma crescer nas eleições municipais. Há até uma frase que diz que o maior partido de Minas é o PL, Partido do Palácio da Liberdade”, diz. Por outro lado, ele cita que a crise no Estado pode impactar a avaliação do governo e se refletir na votação em novembro.

A assessoria de Romeu Zema confirmou sua participação, mas disse que agora seu foco está no combate à pandemia do coronavírus. “O governador manifestará apoio aos candidatos de seu partido, que em Minas estarão concentrados em cindo cidades, Belo Horizonte, Araxá e Contagem, com candidatos a prefeito e vereador, e Poços de Caldas e Juiz de Fora, com candidatos a vereador. A participação em agendas ocorrerá no momento da campanha. No momento, o governador está focado no combate à pandemia e em propor soluções para os problemas do Estado”, diz a nota.

O secretário de Estado Mateus Simões e deputados do Novo também devem participar. “Esperamos poder, sim, contribuir o máximo que pudermos. Não sei exatamente como será essa participação, porque cada coordenação e diretórios estão atuando de forma independente, e acho que o nosso papel é estar à disposição do que eles precisarem, dado o tanto que a gente acredita que o partido pode fazer a diferença nessas eleições”, disse o deputado federal Tiago Mitraud.

Já o deputado estadual Guilherme da Cunha, vice-líder de governo na Assembleia, explicou que, para além do apoio público às campanhas, os parlamentares eleitos participam auxiliando os pré-candidatos. “Damos apoio a todos os pré-candidatos, compartilhando nossas experiências eleitorais e repassando a eles o que vimos que funcionou ou não funcionou”, explicou.

Fim das coligações vai ajudar

O fim das coligações para eleições proporcionais alterou a lógica de organização de muitos partidos para a disputa deste ano. Mas, para o Novo, a mudança tende a ser positiva, já que a restrição em se aliar a outras legendas é uma de suas bandeiras. “Como já não fazíamos coligações, estamos treinados nesse formato. Acho que os outros partidos passam um pouco mais de dificuldades do que nós porque para eles é novidade” afirma o secretário geral do Estado, Mateus Simões.

Ele afirma que a mudança acaba com “chapas oportunistas” construídas para a eleição de determinadas pessoas e confere condição de igualdade a todos.

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