O prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), recebeu várias perguntas, na manhã desta quarta-feira (27), sobre o corte de árvores nos arredores do Mineirão e sobre o combate à dengue na cidade. Os dois assuntos foram as principais armas da oposição para pressionar o chefe do Executivo municipal.
O presidente da Câmara, vereador Gabriel Azevedo (MDB), questionou Fuad sobre os problemas no fornecimento de inseticida em BH no ano passado, antes da epidemia da dengue.
"Quem fornecia inseticida para a Prefeitura de Belo Horizonte era o Estado. E mudou a tecnologia. Hoje, não se faz mais aquela pulverização. Estamos entrando nas casas, fazendo todo o trabalho para combater os focos", afirmou o prefeito.
Já o secretário municipal de Saúde, Danilo Borges, disse que a vacina contra a dengue será aberta à toda população em breve, o que evitaria novas epidemias da doença. Mas não informou, entretanto, quando isso deve acontecer. A cidade registra cerca de 20 mil casos confirmados, que resultaram em 20 vidas perdidas.
Gabriel e os vereadores Bruno Pedralva (PT) e Iza Lourença (PSOL) também questionaram Fuad sobre o corte de árvores para realização da corrida da Stock Car em BH. O presidente do Legislativo chegou a afirmar que cometeu um crime por plantar um ipê-roxo nas proximidades da Câmara, referindo-se a uma lei em vigor na cidade que vedaria tal ato.
"Não sabia que era crime plantar árvore em Belo Horizonte. As árvores estão sendo plantadas. É só olhar o site que você vê onde está cada uma das árvores. Nós plantamos imediatamente. Só se corta uma árvore quando existe uma questão muito séria, mediante aprovação do Comam. Ninguém corta porque cortar", disse Fuad.
Anel
O vereador Irlan Melo (PRD) questionou o prefeito sobre a instalação de uma nova área de escape no Anel Rodoviário, como medida de prevenção a acidentes, sobretudo com veículos de carga, em pontos de declive da via.
Em sua resposta, Fuad Noman disse que discutiu a questão nessa terça-feira (26), quando esteve em Brasília para reuniões. "O Dnit pediu para gente o projeto. A gente só está esperando o convênio para que o Anel passe para Belo Horizonte. Ontem, eu pedi ao diretor do Dnit: 'passe esse Anel para Belo Horizonte'. Hoje, eu não posso cortar um mato na área de acesso ao Anel sem permissão", disse o chefe do Executivo.
Orçamento
Em sua fala durante a apresentação da PBH na agenda, o prefeito Fuad Noman destacou os resultados orçamentários do Executivo municipal em 2023. "A parte orçamentária da prefeitura está absolutamente sob controle, sem nenhum tipo de crise. É claro que a Saúde exige um investimento muito grande por conta da dengue. É um grande incremento de demanda, mas a situação da prefeitura é totalmente equilibrada", disse.
A Prefeitura de Belo Horizonte fechou o ano de 2023 com superávit de R$ 204 milhões – sem considerar os rendimentos advindos da Previdência Social, que elevaria o valor para R$ 796 milhões – ante uma receita de R$ 17,599 bilhões e uma despesa de R$ 16,802 bilhões. O resultado superou a previsão inicial da Lei Orçamentária Anual (LOA), que indicava uma receita de R$ 17,141 bilhões e uma despesa de R$ 16,742 bilhões, o que resultaria num superávit de aproximadamente R$ 400 milhões, incluindo os recurso com a previdência.
Protestos na galeria
Pela primeira vez após as ameaças contra as vereadoras Cida Falabella e Iza Lourença, ambas do PSOL, a Câmara autorizou a ocupação das galerias do plenário nesta quarta. A população aproveitou a oportunidade para manifestar contra duas medidas específicas do prefeito Fuad: a realização de uma etapa da Stock Car na cidade, o que resultou no corte de árvores nas imediações do Mineirão; e a desativação do Aeroporto Carlos Prates, onde deve ser instalado um novo bairro com moradias populares e equipamentos públicos.
No início da prestação de contas, o presidente da Casa, vereador Gabriel, precisou intervir para pedir silêncio dos ocupantes da galeria, especialmente uma mulher que criticava Fuad durante a fala do prefeito. "Ou a senhora espera a sua hora de manifestar ou será convidada a se retirar", disse. Gritos de "prefeito motosserra" aconteceram durante todo o evento.
Por meio de faixas, os cidadãos pediam a abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Áreas Verdes. Críticas contra o fechamento do Carlos Prates também foram expostas. "Mais um bairro, mais trânsito caótico", protestaram.