Crise

"Parece que a intenção é me tirar do governo", diz Bolsonaro em ataque a Maia

Motivo da briga foi a proposta de auxílio emergencial aprovada pela Câmara que prevê ressarcir as perdas Estados e municípios com ICMS e ISS; Bolsonaro diz que proposta vai quebrar o país

Por Fábio Corrêa
Publicado em 16 de abril de 2020 | 20:55
 
 
 
normal

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) teceu duras críticas ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), na noite desta quinta-feira (16), em entrevista à CNN Brasil. Segundo Bolsonaro, o projeto de lei aprovado pela Casa que prevê compensar a queda de arrecadação do ICMS aos Estados e ISS de municípios em 2020 vai "quebrar o país".

"Parece que a intenção é me tirar do governo. Quero crer que esteja equivocado. Mas os números mostram isso aí", declarou Bolsonaro. Posteriormente, também em entrevista à emissora, Maia não quis comentar os ataques.

Segundo o presidente da República, o Executivo não possui recursos, calculados em R$ 100 bilhões, para recompensar as unidades da Federação pelas perdas causadas pela crise do novo coronavírus. Bolsonaro afirmou que a proposta do ministro da Economia, Paulo Guedes, causaria menos impactos.

A conta está toda em cima do Poder Executivo Central, que somos nós. E nós não aguentamos isso. Se eu pudesse, daria R$ 1 trilhão pra cada Estado, mas não somos uma economia do Estados Unidos", disse Bolsonaro. "O sentimento que eu tenho é que ele não quer amenizar os problemas, combater o vírus, não deixar que a economia vá pro espaço... ele quer é atacar o governo federal, enfiando a faca no governo no sentido figurativo, né, pra resolver os problemas de outro lado", acrescentou o chefe do Executivo, fazendo referência aos governadores.

O pacote de ajuda a Estados e municípios aprovado pela Câmara prevê ressarcir os impostos, já a proposta de Paulo Guedes tinha como objetivo enviar recursos "carimbados" para saúde e alimentação e distribuir outros valores livres per capita. Segundo Maia, seria uma forma de retaliar o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), pois a proposta do governo previa um valor menor aos paulistas. "Eu não posso prejudicar a população de São Paulo", disse Maia.

Na entrevista à CNN, Bolsonaro também aproveitou a entrevista para criticar o isolamento social que vem sendo adotado pelo país para conter a disseminação do novo coronavírus. "Não dá pra continuar assim porque a economia vai embora. E a economia indo embora, vão embora os empregos. Estamos preocupados com as vidas sim, mas o desemprego vai matar muito, mas muito mais que poderá matar agora a questão do vírus", concluiu ele.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!