Eleição

Partido Liberal tem a meta de eleger 1.000 prefeitos em 2024

Minas Gerais tem deputado federal Nikolas Ferreira como peça-chave para as pretensões da sigla. Desafio da legenda é triplicar número de prefeituras (339) sob a sua gestão

Por Gabriel Ronan
Publicado em 27 de março de 2023 | 06:00
 
 
 
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Impulsionado pela maior bancada da Câmara dos Deputados com 99 parlamentares, o Partido Liberal (PL) quer, a partir de articulações em andamento, aumentar a representatividade no interior do Brasil. 

O objetivo é eleger ao menos mil prefeitos nas eleições municipais do ano que vem, matemática que tem como elemento fundamental o diretório da legenda em Minas Gerais. 

A peça principal para o funcionamento dessa engrenagem à mineira, segundo apurou O TEMPO, é o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), o mais votado do Brasil para o cargo no ano passado, com quase 1,5 milhão de votos. 

A estratégia passa pelo fortalecimento dos diretórios do PL em cidades-polo do interior do Estado. “Vamos fazer encontros em todas as regiões de Minas, com foco nas cidades maiores. Vamos convocar o pessoal da região para estar presente. Ele (Nikolas Ferreira) me prometeu que irá em todos esses encontros”, afirma o presidente do partido em Minas, o ex-deputado federal José Santana. 

Estão na agenda visitas a Uberaba, Uberlândia, Montes Claros, Governador Valadares, Teófilo Otoni e Juiz de Fora, segundo José Santana. 

Pelo lado da executiva nacional do PL, a mensagem é semelhante: conquistar prefeituras em Minas Gerais, e também em São Paulo e no Rio de Janeiro, são as grandes metas da legenda para se enraizar e vir mais forte em 2026, ano da próxima eleição presidencial. 

“O PL está trabalhando para se tornar não só o maior partido da Câmara, como o maior do Brasil. Estamos dando toda força possível às candidaturas municipais”, diz o deputado federal Lincoln Portela (PL-MG), uma das lideranças nacionais da sigla. “Assim como controlamos 20% da Câmara dos Deputados, estamos com o objetivo estabelecido de termos também 20% dos prefeitos do Brasil”, completa.

Força em Minas

Números apurados pela reportagem na base de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram a importância de Minas para o PL. Dos mais de 11 milhões de votos válidos no Estado para o cargo de deputado federal em 2022, 21,3% dos mineiros votaram na legenda diretamente ou nos candidatos dela. Essa é a quarta maior proporção de votos para o partido em todos os estados, atrás apenas de Santa Catarina (24,2%), São Paulo (23%) e Mato Grosso (21,8%). 

De acordo com o site do PL, a sigla tem 40 prefeitos no momento em Minas, e 339 em todo o país. Portanto, para atingir mil em 2024, precisa quase triplicar o número.

Trunfo nas redes é a bola da vez para a PBH

Integrantes do PL garantem que o deputado federal Nikolas Ferreira tem cumprido o objetivo de fortalecer a legenda para as eleições municipais de 2024, por meio de sua oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Congresso. 

Mesmo após o discurso dele acusado de transfóbico por opositores, no Dia da Mulher, quando ele usou peruca loira e virou alvo de pedidos de cassação, a avaliação interna é de que o novato “cumpriu o objetivo” de gerar engajamento nas redes sociais. 

Lincoln Portela, vice-presidente da executiva nacional do PL, valoriza a atuação de Nikolas nas redes sociais, o que faz dele um dos protagonistas da legenda nacionalmente. 

Não por acaso, Nikolas foi escolhido para a presidência do diretório do PL em Belo Horizonte. Ele é o nome da vez na legenda para disputar a Prefeitura de BH (PBH) em 2024.

Um dos planos do PL na cidade é montar uma chapa forte para ampliar o número de vereadores. Hoje, apenas Sérgio Fernando Pinho Tavares representa a sigla na Câmara. 

Aproximação com Novo em MG

As articulações do PL para ganhar mais prefeituras não se limitam somente a atuação de figuras do partido. A estratégia passa por atrair legendas que tenham representatividade nos estados em questão, como o Partido Novo. 

Em Minas, já há uma negociação avançada para lançar o deputado federal Cabo Junio Amaral (PL-MG) à disputa da Prefeitura de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. A composição tem o apoio do diretório municipal do Novo.

“A gente vem trabalhando juntos nos bastidores nas últimas semanas. Também há uma sinalização de agentes do próprio governo de Minas, que, até mesmo para não andar em desarmonia com o diretório municipal, têm direcionado pra gente essa possibilidade de caminharmos juntos”, afirma o parlamentar. 

A ideia da composição é colocar o bolsonarista como contraponto a atual prefeita de Contagem Marília Campos (PT), que governa o município pela terceira vez e poderá tentar a reeleição.

Mesmo com a aproximação, não há conversas para migração do governador Romeu Zema para o PL, ao menos por ora. Além disso, interlocutores dos dois partidos garantem à reportagem que não há intenção, ao menos por enquanto, de se fazer uma federação partidária. 

PL vem crescendo na esteira do bolsonarismo

O crescimento do PL como partido vai na esteira da entrada do ex-presidente Jair Bolsonaro no partido para a disputa da eleição presidencial do ano passado. Fundada em 2006, a sigla comandada pelo ex-deputado federal Valdemar Costa Neto viu sua bancada subir de 33 para 99 parlamentares na Câmara em quatro anos. Os primeiros governadores só chegaram no ano passado, a partir das vitórias de Cláudio Castro (RJ) e Jorginho Mello (SC).

O cenário de dependência do bolsonarismo faz o professor titular do departamento de ciência política e pesquisador do Centro de Estudos Legislativos da Universidade Federal de Minas Gerais, Carlos Ranulfo, duvidar da representatividade do PL a longo prazo.

“O partido não tem força alguma. Ele existe por suas figuras. Quem tem voto aqui é o Bolsonaro, o Nikolas… Se essas lideranças saírem, o PL acaba, assim como aconteceu com o PSL (partido pelo qual Bolsonaro se elegeu em 2018, que se fundiu com o DEM para formar o União Brasil). Existe uma máquina controlada pelo Valdemar, que se fortaleceu e virou o maior partido do Brasil, mas porque o bolsonarismo alugou parte do PL”, analisa ele. 

Otimismo

Presidente do PL em Minas, José Santana, por outro lado, aposta que Bolsonaro vai funcionar como líder já nas eleições municipais: “Ele vai estar junto da gente. Vai fazer campanha para eleger os prefeitos”.

 

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