O PSDB e o PDT terão uma reunião na próxima segunda-feira (24) para tentar bater o martelo quanto a composição da chapa para o governo de Minas. À procura de um palanque para o candidato à Presidência Ciro Gomes, o PDT negocia o apoio ao ex-deputado federal Marcus Pestana (PSDB), mas trata a vaga ao Senado como condição indispensável para oficializar a aliança. Caso o acordo seja fechado, o vereador Bruno Miranda (PDT) será indicado como pré-candidato ao Senado.
A O TEMPO, Pestana afirma que o diálogo está em uma “etapa avançada”. “É nessa direção mesmo”, confirma, em referência às condições em que o PDT tem o pré-candidato ao Senado. “Se tudo acabar bem, o que acho que está prestes a acontecer, o PDT ocuparia a vaga de senador”, acrescenta.
O presidente estadual do PSDB, deputado Paulo Abi-Ackel, disse que a condução do entendimento nacional do MDB força o PSDB procurar outras alternativas.
"A displicente condução política que o MDB vem dando ao entendimento nacional firmado com o PSDB e a absoluta falta de coesão do partido em torno da candidatura da Senadora Simone Tebet, leva o PSDB naturalmente, a buscar diferentes parceiros na formação dos seus palanques estaduais. Em Minas Gerais, o PSDB avança no entendimento com o PDT", destacou Abi-Ackel. O tucano ainda acenou para o candidato a presidência da República Ciro Gomes.
"É importante ressaltar que o PSDB-MG também tem mantido diálogo com outros partidos para completar a formação da sua chapa majoritária, entre eles o União Brasil, cujos membros são parceiros históricos do PSDB no estado", declarou.
De acordo com o pré-candidato, o PDT estaria esgotando “as suas discussões internas”. Tanto o PSDB quanto o PDT irão realizar as convenções partidárias estaduais em 30 de julho.
O presidente do PDT em Minas Gerais, Mário Heringer, também confirmou que o diálogo está “bem encaminhado”. “(Não está fechado ainda) porque tem um monte de pequenas coisas que a gente tem que ver, tanto do ponto de vista do PSDB e do Cidadania como do PDT. São detalhes de composição que a gente precisa fazer. Não é simplesmente ‘vamos ficar juntos’. Vamos ficar juntos de qual jeito? Como vamos fazer isso?”, aponta o deputado federal.
A reivindicação do PDT pela vaga ao Senado é justamente o que ainda impede o acordo de ser sacramentado. Apesar de ser pré-candidato à reeleição, o deputado federal Aécio Neves (PSDB) ainda avalia a hipótese de tentar retornar ao Senado. “O Aécio está avaliando os números das pesquisas. Os números são muito estimulantes e, por isso, nós também precisamos dar um tempo de amadurecimento. Tudo está caminhando bem e tudo será conversado”, pondera Pestana. Aécio lidera a corrida para o Senado com 24,8% das intenções de voto, conforme a pesquisa DATATEMPO.
Questionado, Heringer reforça que a vaga ao Senado é uma condição “si ne qua non”. “Isso pode ser uma variável no campo do PSDB. Não sei ainda se é uma variável lá. Se disserem pra mim ‘não, a gente não pode ter a posição do Senado para disponibilizar’, começamos a ter uma dificuldade”, aponta o presidente estadual. A avaliação do PDT é que a candidatura ao Senado daria a Ciro tempo de rádio de TV. Os candidatos a senadores, ao contrário dos vices, têm direito ao horário eleitoral gratuito.
Se acordo for fechado, PDT indicará Bruno Miranda
Em agenda no último final de semana em Belo Horizonte, Ciro e o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, convidaram a vereadora Duda Salabert para ser pré-candidata ao Senado. Durante visita ao Taquaril, na Região Leste, o candidato à presidência disse que “Duda Salabert poderia ser senadora em uma chapa qualquer”. “Ela vai amadurecer isso, mas está pronta para ser uma voz altiva para Minas no Senado. (...) Como isso aqui é Minas, vou deixar que os mineiros conduzam”, complementou Ciro.
A O TEMPO, Duda confirma o convite. “Tenho até o fim do mês para decidir. É pouco tempo, mas, ao mesmo tempo, é muito tempo. Vou avaliar e vou conversar com o diretório estadual”, explica a vereadora. Candidata ao Senado em 2018, Duda teve 351.874 votos. Entretanto, a parlamentar diz que, caso faça parte de uma eventual composição, não apoiaria Pestana. “Se fizer (o acordo), apoio outro candidato, como, por exemplo, a pré-candidata da Unidade Popular, Indira Xavier.”
De acordo com Heringer, Duda será pré-candidata a deputada federal, já que sua votação será importante para o coeficiente eleitoral do PDT. “Se Duda perder uma eleição para o Senado, sai menor do que estava. Ganhar uma eleição para deputada federal, com uma posição forte, ela sai qualificada para o que quiser. É tranquilo”, explica o deputado federal.
Caso o acordo com o PSDB saia, o PDT indicará o vereador Bruno Miranda, conforme apurou O TEMPO. No meio do quarto mandato, Miranda é líder do prefeito Fuad Noman (PSD) na Câmara Municipal de Belo Horizonte. Procurado, o parlamentar diz que se colocou à disposição. “Internamente, temos que conversar, mas me coloquei à disposição do partido, sobretudo para priorizar o palanque para o Ciro em Minas”, ressalta Miranda.