CONFUSÃO

Pedidos de cassação contra Gabriel e Crispim geram articulações na Câmara de BH

Caso não garanta maioria na Câmara, chefe do Legislativo pode ser afastado da presidência enquanto perda de mandato é julgada

Por Ana Clara Moreira e Letícia Fontes
Publicado em 29 de agosto de 2023 | 15:17
 
 
 
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A Câmara Municipal de Belo Horizonte deve votar nesta sexta-feira (1°) dois pedidos de cassação. A tendência, segundo interlocutores, é que sejam levados a plenário tanto o pedido de quebra contra o vereador Marcos Crispim (Podemos), quanto o pedido de cassação do presidente da Casa, Gabriel Azevedo (sem partido). 

A expectativa é que o 1º vice-presidente da Mesa Diretora, vereador Juliano Lopes (Agir), protocole e paute a votação de um parecer pela admissibilidade do pedido de cassação contra Azevedo. A estratégia foi utilizada para evitar que o processo caísse nas mãos da vereadora Loíde Gonçalves (Podemos), aliada de Gabriel e recém-empossada como corregedora da Casa.

Nessa segunda-feira, a deputada federal Nely Aquino (Podemos) entrou com um pedido de cassação do mandato de Gabriel por quebra de decoro e pediu o afastamento do parlamentar de suas funções. A denúncia foi encaminhada ao primeiro vice-presidente da Casa, vereador Juliano Lopes, aliado de Nely. O aceite da denúncia não precisa passar necessariamente pela corregedoria ou pela procuradoria da Casa. 

O ofício assinado por Nely lista um suposto abuso de autoridade cometido pelo atual presidente da Casa, agressões verbais a outros vereadores, além de uma possível atuação irregular de Azevedo na CPI da Lagoa da Pampulha  e a  polêmica envolvendo o corregedor do Legislativo municipal, Marcos Crispim.

Ontem, o vereador virou alvo de uma denúncia de “quebra de decoro”, protocolada pelo assessor parlamentar Guilherme Barcellos, o Papagaio. O pedido deve também estar na pauta do plenário desta sexta-feira.

Na última semana, Crispim acusou Papagaio de fraudar sua assinatura para arquivar uma denúncia contra Gabriel Azevedo. Papagaio, por sua vez, acusa Crispim de utilizar indevidamente o cargo para arquivar a denúncia e depois voltar atrás sem justificativa. 

A tendência, segundo interlocutores, é que a denúncia contra Crispim seja o primeiro item da pauta. 

Outro lado

Procurado, o vereador Marcos Crispim repudiou o pedido de cassação e disse que é "no mínimo imoral que o presidente da Câmara receba e dê seguimento a uma denúncia feita pelo seu próprio chefe de gabinete". "Mas para um presidente que ousou fazer através de um assessor uma peça para arquivar uma denúncia contra si, mentir através de assessoria, gravar o corregedor da Câmara Municipal, regimento e limites já não existe mais", pontuou. 

Para o líder do governo na Câmara, vereador Bruno Miranda (PDT), ainda não é possível afirmar se as cassações serão votadas, já que por se tratar de uma situação nova, a “temperatura” na Casa ainda está sendo medida.

“A gente precisa conversar, eu não conversei ainda sobre essa situação com a turma da base, é uma situação que veio muito rápido que aconteceu. Estamos observando o cenário e tomara que seja possível superar isso o quanto antes para a gente votar os projetos que estão na pauta, esse é o objetivo nosso”, explicou o parlamentar.

Na avaliação do vereador, a atual polêmica na Câmara Municipal envolve o presidente da Casa, Gabriel Azevedo, e não o prefeito Fuad Noman (PSD). 

"Na verdade, existe uma polêmica em relação ao Gabriel. O PDT fez uma representação na corregedoria na semana passada que foi, segundo o ex-corregedor, atropelado para que fosse imposto a posição da presidência. Ai deu o que deu. O prefeito não está envolvido nessa polêmica", pontuou. 

A reportagem de O TEMPO procurou o presidente da Câmara, Gabriel Azevedo, e o vereador Juliano Lopes e aguarda um posicionamento. 

 

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