Operação Ross

PF faz busca e apreensão em endereços da família de Aécio Neves

Senador e deputado federal eleito é investigado por suposto recebimento de propina do Grupo J&F entre 2007 e 2014

Por Isabella Melano e Julio Rezende
Publicado em 20 de dezembro de 2018 | 07:39
 
 
 
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A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira, 20, a segunda fase da Operação Ross, que tem como objetivo investigar suposta propina paga pelo do Grupo J&F, entre 2007 e 2014, ao senador Aécio Neves (PSDB). São cumpridos 3 mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao política mineiro na capital mineira.

A reportagem do jornal O Tempo esteve num desses endereços, no Bairro Sion, de um apartamento que seria da mãe do senador, Inês Neves da Cunha, e flagrou a chegada de duas viaturas da Polícia Federal, que se juntaram a seis policiais federais que já se encontravam no local. Ninguém da corporação falou com a imprensa.

A reportagem apurou também que o apartamento não é utilizado pela mãe, que mora no Rio de Janeiro, e guarda apenas pertences da família de Aécio.

De acordo com o advogado da família, Thiago Nime, que esteve no apartamento da mãe de Aécio Neves, nenhum documento ou material digital foi apreendido. A busca à residência que pertence a mãe do senador aconteceu devido a uma denúncia anônima feita à Polícia Federal.

"A única coisa que ocorreu foi que a Polícia realmente realizou cópia do sistema interno de segurança do prédio", afirmou o advogado, ao deixar o prédio.

Além da mãe, o primo do senador, Frederico Pacheco e uma empresa de comunicação que seria de Frederico em sociedade com a irmã do político, a jornalista Andrea Neves. Os mandados foram expedidos pelo Supremo Tribunal Federal, após solicitação da Polícia Federal.

A primeira fase fez deflagrada no dia 11 de dezembro e fez buscas em endereços ligados ao senador, à irmã dele, Andréa Neves, e ao deputado federal Paulinho da Força (SD-SP).

Ross é um desdobramento da Operação Patmos, deflagrada pela PF em maio de 2017. Os valores investigados, que teriam sido utilizados também para a obtenção de apoio político, ultrapassam os R$ 100 milhões.

Segundo o Ministério Público Federal, em troca dos recursos financeiros, Aécio teria prometido favorecimentos em um eventual governo presidencial (2015 a 2018) além de influência junto ao governo estadual de Minas Gerais, neste caso, com o objetivo de viabilizar a restituição de créditos tributários.

Ross faz referência a um explorador britânico que dá nome à maior plataforma de gelo do mundo localizada na Antártida fazendo alusão às notas fiscais frias que estão sob investigação.

Defesa

A defesa de Aécio Neves divulgou nota à imprensa no final da manhã desta quinta-feira, assinada pelo advogado Alberto Zacharias Toron, dizendo que recebeu "com absoluta surpresa e indignação a notícia de busca na residência da mãe do senador".

Confira a nota na íntegra:

"Recebemos com absoluta surpresa e indignação a notícia de busca na residência da mãe do Senador Aécio Neves, seja pela completa desnecessidade e descabimento da medida, seja pela total desvinculação de sua mãe com os fatos apurados.

A busca teria sido motivada por uma “denúncia anônima” de que o imóvel teria recebido caixas com documentos no dia da operação Ross. Esse relato é mentiroso.

É lamentável que a intimidade de uma senhora seja afrontada dessa forma, sem que haja nada que justifique.

A empresa Albatroz foi fechada há vários anos, sendo, portanto, incompreensível o pedido de busca.

No mais, como dissemos em reiteradas oportunidades, o Senador Aécio sempre esteve à disposição de todas as autoridades, sendo ele o maior interessado na elucidação dos fatos.

Por fim, aguardamos a finalização célere das investigações para que fiquem provadas, de uma vez por todas, as falsas e convenientes acusações feitas por criminosos confessos que ensejam esse inquérito."

Atualizada às 12h31

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