Camaleão

PL de Bolsonaro apoiou Lula, Dilma, Ciro, Alckmin e participou de Mensalão

Como um dos ícones do chamado Centrão, o partido apoiou governos petistas e não participou de aliança que levou Jair Bolsonaro à Presidência da República

Por Renato Alves
Publicado em 30 de novembro de 2021 | 11:24
 
 
 
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O Partido Liberal (PL), sigla que a partir desta terça-feira (3) conta com o presidente Jair Bolsonaro em seu quadro, tem importante papel na política nacional desde a sua criação, em junho de 1985, no início da redemocratização no país.

Atualmente, detém a terceira maior bancada na Câmara dos Deputados, atrás apenas do PSL — partido pelo qual Bolsonaro se elegeu em 2018, mas se desligou um ano depois — e do PT. Em outubro, o PL tinha 761.699 filiados, sendo o oitavo maior partido do país.

Como um dos ícones do chamado Centrão — grupo de parlamentares no Congresso sem uma corrente ideológica definida, que Bolsonaro e apoiadores tanto criticavam —, o PL integra a base de apoio de Bolsonaro. 

No entanto, ele também apoiou os governos dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff, ambos do PT, e de Michel Temer (MDB), o vice de Dilma que assumiu a Presidência da República após o impeachment dela.

Na primeira campanha presidencial após o fim da ditadura militar (1964-1985), o PL lançou candidato próprio em 1989, o empresário Guilherme Afif Domingos, hoje assessor especial no Ministério da Economia. Nove anos depois, apoiou Ciro Gomes, à época no PPS. 

Com José Alencar como candidato a vice-presidente, fechou uma chapa majoritária com o PT, que saiu vitoriosa com Lula em 2002. O PL manteve-se unido ao PT nas também vitoriosas candidaturas de Dilma Rousseff em 2010 e 2014.

O PL só abandonou o PT quando o impeachment de Dilma já estava sacramentado. Em 2018, em vez do agora seu grande nome, Jair Bolsonaro, preferiu apoiar Geraldo Alckmin (PSDB).

Hoje, o PL é um dos partidos mais fiéis ao governo de Jair Bolsonaro no Congresso e tem a Secretaria de Governo, ocupada pela ministra Flávia Arruda (PL-DF). Ainda assim, há dissidências: o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), tem um posicionamento mais crítico sobre o chefe do Executivo.

União com o Prona e prisão no Mensalão

Anos antes, o PL passou por reformulação após se unir ao Partido da Reedificação da Ordem Nacional (Prona), sigla liderada por Enéas Carneiro que colocava a 5ª Sinfonia de Beethoven no horário eleitoral enquanto os candidatos faziam discursos ultranacionalistas como a defesa à construção de uma bomba atômica brasileira.

O PL também foi um dos partidos envolvidos em 2005 no escândalo do Mensalão do governo Lula. O presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, foi condenado a sete anos e 10 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele cumpriu prisão domiciliar em 2014 e recebeu o perdão da pena em 2016.

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