O ministro da Justiça, Sergio Moro, afirmou na noite desta quinta-feira (21), em Belo Horizonte, que o cumprimento de condenações após decisão de segunda instância é "absolutamente necessário" para o combate à corrupção e lavagem de dinheiro.  

Em coletiva de imprensa, após a reunião plenária da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (ENCCLA), Moro disse que se reuniu com alguns parlamentares para falar sobre o pacote anticrime, principal projeto da pasta que comanda no Executivo Federal.

Ele destacou, também, a prerrogativa do Congresso Nacional em mudar a legislação para a Justiça voltar a considerar a prisão após segunda instância. "Destaco aqui uma das moções, na Enccla recomendando, solicitando, clamenando ao Congresso Nacional para prever novamente a condenação em segunda instância. Todos nós temos isso como fundamental para avançar no combate à criminalidade em geral. O Congresso tem a prerrogativa de alterar a norma", disse Sergio Moro. 

Em evento em um hotel da capital mineira, Moro afirmou que as operações dos últimos anos - incluindo a Lava Jato - foram fundamentais para o país avançar no combate à corrupção. 

"País era conhecido como país da impunidade. Mas nós últimos anos o Brasil mudou. Temos diversas operações, como Lava Jato. Operações também nos Estados. Eu viajei para alguns países nesse período e vi como outros países estão vendo o avanço no Brasil. É motivo para se orgulhar", afirmou o ministro.

O ex-juiz da Lava Jato, responsável pela condenação em primeira instância do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, disse que as instituições que investigam corrupção não podem desanimar.  "Claro que gera reações, revezes, mas o que se espera é que não podemos esmorecer", disse. 

Polêmicas 

Moro não quis se aprofundar sobre assuntos polêmicos. Um deles, por exemplo, sobre a possibilidade de a investigação do caso da vereadora Marielle Franco, morta em março de 2018, tornar-se inquérito na esfera federal e não mais pela Polícia Civil do Rio de Janeiro e Ministério Público do Rio de Janeiro. 

"Acho pertinente que haja a federalização para que realmente possa procurar os culpados e não ser politizado", disse Moro.