Eleições 2024

Propaganda gratuita será moeda de troca na escolha de vices à PBH

Tempo no rádio e na TV ganha protagonismo novamente diante de um cenário pulverizado e de pré-candidatos desconhecidos na disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte

Por Hermano Chiodi
Publicado em 02 de maio de 2024 | 19:10
 
 
 
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A recente aproximação do prefeito Fuad Noman (PSD) com o União Brasil pode garantir a ele uma das maiores fatias do tempo de propaganda eleitoral na televisão e no rádio na disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) deste ano. Com a aliança, Fuad passou dos quatro minutos e meio de propaganda estimados para o PSD para quase nove minutos – o União Brasil é dono do terceiro maior tempo, atrás apenas do PL e PT. Em uma eleição pulverizada, na qual muitos dos candidatos são desconhecidos da população, como é o caso do prefeito, a exposição é fundamental e pode ser usada no acordo para a escolha dos nomes a vice nas chapas. 

“As redes sociais ganharam importância nos últimos anos, mudaram a abrangência da propaganda em rádio e TV, mas não é possível descartar a propaganda nos meios tradicionais de comunicação de massa. Sobretudo para os candidatos menos conhecidos ou com menor presença nas redes. É um recurso que segue fundamental”, avalia a professora de ciência política da UFMG Geane Alzamora.

Pesquisa DATATEMPO divulgada no início do mês mostrou que só 39% dos entrevistados sabiam dizer o nome do prefeito. Com a união das duas siglas, Fuad teria quase 17% de todo o tempo disponível aos partidos, que, em 2024, será dividido em dois blocos de dez minutos e mais 42 minutos divididos em inserções de 30 ou 60 segundos ao longo do dia. “Agora temos pernas e braços para a campanha”, comemorou Fuad na coletiva que oficializou o acordo com o União Brasil.

Outro que também se movimenta para angariar apoio é o deputado estadual Bruno Engler (PL). Mesmo sendo o provável dono de aproximadamente nove minutos de propaganda, ele já garantiu o apoio do PP e agregou mais quatro minutos e meio à sua campanha. Ao comentar a aliança, Engler não escondeu a importância do tempo de rádio e TV do novo aliado.

“A gente fica feliz que tenha mais um partido agregando com a gente em tempo de rádio e televisão. É muito importante esse tempo para demonstrar meus alinhamentos”, comemorou.

A divisão do tempo de cada legenda será estabelecida pela Justiça Eleitoral em agosto, após as convenções partidárias, que se encerram em junho, e a definição de quantos candidatos vão concorrer ao cargo de prefeito. Porém, como o critério principal é a quantidade de deputados federais eleitos em 2022, já é possível ter uma estimativa.

No topo do ranking estão o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, e o PT, do presidente Lula, com 16% e 14% respectivamente. Em seguida, aparecem o União Brasil, com 9% do tempo; o PP e o PSD, com 8% cada; o MDB e o Republicanos, com 7% do tempo de propaganda eleitoral. Juntas, essas legendas têm mais da metade de todo o tempo de rádio e televisão da disputa municipal, segundo dados da Justiça Eleitoral.

Esse diferencial tem sido valorizado pelos comandantes das legendas, como o deputado federal Delegado Marcelo Freitas, presidente do União Brasil em Minas. “Como em Belo Horizonte temos vários candidatos desconhecidos do eleitor, esse tempo de rádio e TV, particularmente o do União Brasil, tornou-se essencial para que os candidatos possam apresentar-se ao eleitor e mostrar suas propostas”, destaca. Em troca do tempo de divulgação, a expectativa é que a legenda tenha o direito de indicar o candidato a vice-prefeito na chapa, tendo como favorito o vereador Álvaro Damião (União).

Campeões de tempo

Além da aliança entre o prefeito Fuad Noman (PSD) e o União Brasil, também existe expectativa de que o deputado Bruno Engler (PL) ofereça o cargo de vice a um indicado do PP para a disputa municipal.

O presidente do PL em Minas, dono do maior tempo de televisão e rádio no Estado, deputado federal Domingos Sávio (PL), destaca que esse não é o único critério para a legenda escolher aliados, mas tem peso importante. 
"É um fator que olhamos, sim, com muita atenção, pois sabemos que, quanto mais pudermos mostrar nossas propostas e benfeitorias já feitas, melhor para o partido e para os nossos candidatos, sejam eles para reeleição ou para primeira eleição. Contudo, nossas alianças são estudadas prioritariamente quanto ao posicionamento dos partidos”, explica.

O presidente do PT mineiro, deputado estadual Cristiano Silveira, representante da legenda com o segundo maior tempo de televisão e rádio, lembra que, em uma eleição na qual quase toda mídia externa foi proibida, televisão e rádio são essenciais.

“Não pode ter pintura de muros, outdoor. Os cartazes são limitados, então o tempo em televisão e rádio sobrou como uma das poucas formas de ter contato direto com a população. Isso é fundamental nas eleições municipais, em que você precisa atingir públicos locais, dentro da cidade”, destaca.

Unificação da esquerda

Nove pré-candidatos a prefeito já foram oficializados por suas legendas para a disputa, em outubro, à Prefeitura de Belo Horizonte, mas nenhum deles confirmou o nome do vice-prefeito em suas chapas. O cargo tem sido utilizado como moeda de troca e, no caso da esquerda, que tem cinco pré-candidaturas oficializadas, pode ser uma forma de atrair concorrentes e tentar unificar o campo. 

O deputado federal Rogério Correia (PT) é o dono da maior fatia de propaganda entre os pré-candidatos da esquerda, com expectativa de quase oito minutos de propaganda ao longo do dia. Outros nomes da esquerda, Duda Salabert (PDT), Bella Gonçalves (PSOL), Ana Paula Siqueira e Paulo Lamac, ambos da Rede, têm expectativa de alcançar menos de 5% do tempo se disputarem isoladamente por suas legendas. 

Para o presidente do PT em Minas Gerais, deputado estadual Cristiano Silveira, uma aliança entre os pré-candidatos segue no radar e pode, sim, incluir um lugar na chapa. “Estamos em um momento de adequação, quando algumas candidaturas vão deixar de existir e a tendência é unificar”, destaca o petista.

Caso dos vereadores

A lei não permite coligações entre partidos na eleição para vereador, e cada legenda terá apenas o seu próprio tempo para a divulgação das chapas.

De acordo com a justiça eleitoral, serão 28 minutos divididos proporcionalmente entre todas as legendas com chapas registradas para a disputa. Não haverá espaço nos blocos de dez minutos para a propaganda das chapas proporcionais, apenas para o cargo de prefeito.

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