Após manifestações de 7 de setembro

PSDB decide ir para oposição a Bolsonaro e começar a discutir impeachment

Decisão foi tomada por unanimidade em reunião da Executiva Nacional realizada na tarde desta quarta-feira (8)

Por Pedro Augusto Figueiredo
Publicado em 08 de setembro de 2021 | 18:31
 
 
 
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O PSDB decidiu ir para a oposição ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido) e abrir discussões internas para formular a opinião da sigla sobre um eventual impeachment do presidente.

A decisão foi tomada por unanimidade em reunião da Executiva nacional realizada na tarde desta quarta-feira (8), que contou com a participação das bancadas do partido na Câmara e no Senado.

A reunião da Executiva nacional foi convocada pelo presidente do PSDB, o deputado federal Bruno Araújo (PSDB), após os discursos de Bolsonaro nas manifestações de 7 de setembro.

“O PSDB repudia as atitudes antidemocráticas e irresponsáveis adotadas pelo presidente da República em manifestações pelo Dia da Independência. Ao mesmo tempo, conclama as forças de centro para que se unam numa postura de oposição a este projeto autoritário de poder”, informou a sigla por meio de nota.

Também ficou decidido que o partido vai formar uma frente de oposição a Bolsonaro com o que classificou como centro democrático.

"Conclamamos todas as forças do centro democrático a formar uma frente de oposição ao governo de Jair Bolsonaro. É da união dessas forças que virá a derrota definitiva do projeto autoritário de poder que o atual ocupante do Palácio do Planalto encarna e a volta do modelo político e econômico petista também responsável pela profunda crise que enfrentamos", disse o PSDB.

O presidente do PSDB em Minas, Paulo Abi-Ackel, participou da reunião e considerou a decisão da sigla “do tamanho certo”.

“Dada a gravidade das circunstâncias, o PSDB optou por tomar a decisão de fazer parte da oposição ao governo e estudar, por enquanto internamente, o seu posicionamento sobre o pedido de impeachment. Na minha opinião, é algo equilibrado e do tamanho certo para uma situação que requer muito cuidado nas decisões”, disse.

A reportagem também procurou o deputado federal Aécio Neves (PSDB). Por meio da assessorIa de imprensa, ele disse que considerou correta a decisão tomada pela Executiva Nacional do PSDB.

O ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, que pretende disputar as prévias do PSDB para ser o candidato do partido à presidência da República disse nas redes sociais que Bolsonaro "erra ao insistir no confronto com as instituições".

"Minha impressão é que ou ele retrocede, ou terminará levando o Brasil a uma posição extrema. Em reunião da Executiva Nacional, defendi que o PSDB precisa acompanhar esse momento político com olhar de futuro", afirmou ele

"Não podemos ser um partido que ouve só nossas próprias vozes, precisamos ouvir as vozes uns dos outros e construir uma unidade, pois é dela que chegaremos à Presidência ou ajudar alguém a chegar lá, alguém que consiga tocar um projeto de reformas ao nosso lado", acrescentou.

Já o deputado federal Alexandre Frota (PSDB) comemorou a decisão do partido. Eu venho pregando isso há dois anos e meio, era uma voz sozinho [sic]. Hoje por unanimidade PSDB anuncia oposição ao governo Bolsonaro e início da discussão sobre a prática de crimes de responsabilidade pelo presidente da República", escreveu ele nas redes sociais.

Confira a nota do PSDB na íntegra:

"NOTA OFICIAL PSDB

O PSDB decidiu hoje, por unanimidade, em reunião da Executiva Nacional, que é oposição ao governo de Jair Bolsonaro. 

O partido repudia as atitudes antidemocráticas, truculentas e irresponsáveis adotadas pelo presidente da República em manifestações pelo Dia da Independência. 

O PSDB se alinha a todas as forças da sociedade brasileira que têm na democracia, na defesa das instituições e no respeito à liberdade o seu maior compromisso. 

Com a participação da Executiva e das bancadas na Câmara e Senado iniciamos o processo interno de discussão sobre crimes de responsabilidade cometidos pelo presidente da República. O primeiro passo foi o debate aberto ocorrido hoje e agora será aprofundado pelas bancadas do Congresso Nacional.   

Conclamamos todas as forças do centro democrático a formar uma frente de oposição ao governo de Jair Bolsonaro. É da união dessas forças que virá a derrota definitiva do projeto autoritário de poder que o atual ocupante do Palácio do Planalto encarna e a volta do modelo político e econômico petista também responsável pela profunda crise que enfrentamos. 

Basta de insensatez. Os brasileiros esperam de seu governante soluções para a pandemia, que beira 600 mil mortos; para o desemprego, que vitima 14 milhões de pessoas; para a inflação, que beira os dois dígitos; para a paralisia econômica; para a desigualdade; para a crise hídrica e para o descalabro fiscal. Um presidente que saiba enfrentar a desestruturação social e econômica ao invés de buscar enfrentar a própria lei. 

A democracia brasileira permitiu que milhares fossem às ruas no dia de ontem defender suas ideias. Mas também defendemos os milhões que ficaram em casa e querem um Brasil que possa superar a crise."

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