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PSDB sugere ‘saída’ a Cunha 

Tucanos propõem renúncia da presidência da Câmara e a manutenção do cargo para manter o foro


Publicado em 06 de outubro de 2015 | 20:50
 
 
 
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Brasília. O PSDB informou nesta terça ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que vai pedir sua renúncia do cargo caso surjam documentos que comprovem que ele possui contas na Suíça. A avaliação entre os tucanos é que a situação está ficando “insustentável” e já se cogita buscar uma “saída honrosa” para o peemedebista: a renúncia e a manutenção do mandato para que ele possa se defender sem perder o foro privilegiado.

Vários parlamentares da legenda já se manifestaram publicamente em defesa do afastamento de Cunha. O deputado Valdir Rossoni, do Paraná, por exemplo, divulgou nas redes sociais as fotos de Dilma e Cunha com uma pergunta: “Quem faz mais mal ao Brasil?”. “Se o MP confirmar (as contas de Cunha na Suíça) a situação de Cunha ficaria insustentável”, diz o deputado Vanderlei Macris (SP).

Na semana passada, o Ministério Público suíço comunicou à Procuradoria Geral da República a transferência de autos de uma investigação criminal aberta no país europeu que identificou quatro contas atribuídas a Cunha e parentes. Pelo menos US$ 5 milhões teriam sido bloqueados. Segundo os procuradores suíços, ele foi informado sobre o bloqueio das contas – antes, Cunha negara que tivesse sido avisado pelo país europeu.

O presidente da Câmara já foi denunciado no Supremo Tribunal Federal por corrupção e lavagem de dinheiro. Ele é acusado de receber propina de US$ 5 milhões em contratos de navios-sonda da Petrobras. Cunha nega envolvimento com os crimes investigados pela Lava Jato e sustenta que não possui contas na Suíça.

Apoio. Até agora, o PSDB vinha mantendo uma posição de apoio ao presidente da Câmara, apesar da acusação formal e das suspeitas que pesam contra ele. Os tucanos reconhecem que o peemedebista, com postura hostil ao Planalto, foi fundamental para o cerco ao governo no Congresso. Cabe a Cunha a análise de pedidos de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Porém, o avanço das investigações da Lava Jato causa constrangimento ao principal partido oposicionista. Nesta terça, líder do partido na Câmara, Carlos Sampaio (SP) esteve no gabinete do presidente da Câmara e comunicou que o partido vai desembarcar da defesa dele se aparecerem extratos ou comprovantes de contas mantidas secretamente no exterior. Na véspera, ele tinha saído em defesa de Cunha, dizendo que ele tinha a seu favor o benefício da dúvida. Se ficar provado que Cunha mentiu perante seus pares, ele poderá ser processado por falta de decoro parlamentar.

Por enquanto, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), trata o caso como um assunto da Câmara. “As denúncias, se comprovadas, óbvio que a situação dele fica muito difícil”, afirma o mineiro.

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