O recado que o presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Adalclever Lopes (MDB), deu nesta quinta-feira (26) ao governador Fernando Pimentel (PT) – aceitando o pedido de impeachment contra ele – começou a surtir efeito no meio petista ainda na tarde de quinta. Interlocutores e parlamentares do partido já admitem que a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) pode ficar fora das eleições de Minas para dar lugar ao MDB na chapa.
Lideranças importantes do PT mineiro começam a dar o braço a torcer na luta para incluir Dilma na chapa. Na avaliação desses petistas, é inviável a construção de uma candidatura e de uma chapa eleitoral sem a presença do MDB.
O próprio líder do governo na Assembleia, Durval Ângelo, disse na quinta-feira que Pimentel estaria disposto a rever a estratégia de lançar o nome de Dilma ao Senado. “Na política, você sempre tem de estar revendo as posições, e acho que tem de rever. Acho que tem de repensar (a candidatura de Dilma). Eu não posso falar pelo partido, eu falo pelo governo, que está aberto a qualquer revisão. Falo pelo governo que ele está disposto a repensar”.
Na quarta-feira, petistas haviam anunciado um “ultimato” para que emedebistas já se acostumassem com a ideia de que a ex-presidente Dilma Rousseff seria candidata ao Senado por Minas Gerais. Essa, segundo membros do MDB ouvidos pela reportagem em anonimato, teria sido a “gota d’água” para muitos. “Nós temos a maior bancada, a banana não come o macaco. É o macaco que come a banana. Esse tipo de exigência não existe”, disse um emedebista.
Antes, a avaliação era que a chegada de Dilma à chapa seria um caminho sem volta, já que a movimentação foi feita em nível nacional pelo ex-presidente Lula e precisaria ser efetivada. Mas foi exatamente o fato de a negociação ter sido realizada sem se consultar a agremiação em Minas que causou a ira dos emedebistas.
Opções. Sem o Senado, uma alternativa para o lançamento de Dilma Rousseff em Minas seria a disputa por uma cadeira na Câmara dos Deputados. A opção, na verdade, agradaria ao próprio MDB, que a vê como um nome popular entre a militância partidária e que seria uma boa “puxadora” de votos. A grande questão, no entanto, seria um possível constrangimento de emedebistas que votaram pelo impeachment da petista subirem no mesmo palanque que a ex-presidente.
“Ela seria boa para puxar votos como deputada federal, mas como ficar num palanque com quem você cassou? Isso atrapalha muito eleitoralmente e pode dar mais trabalho para reeleger”, declarou um deputado emedebista.
Já outro membro do MDB, que pediu anonimato, considerou negativa a postura de Adalclever Lopes. Ele disse que Pimentel há dias procura o presidente da Assembleia para uma conversa e que o deputado tem evitado o encontro.
“Isso é uma sacanagem, não é coisa de político. O Pimentel sempre esteve disposto a conversar, sempre trabalhou pela união da chapa. É bem diferente da Dilma, que todo mundo conhece o temperamento e não tinha diálogo com ninguém. Agora, acho que temos de encontrar uma solução para essa situação, temos que unir forças. O Pimentel nunca colocou a Dilma para as vagas no Senado”, declarou.
Outro lado
Resposta. A assessoria de imprensa da ex-presidente Dilma Rousseff foi procurada para comentar o pedido de impeachment e o impasse sobre sua candidatura, mas não houve retorno.