Cruzamento de dados da quarta rodada da pesquisa DATATEMPO mostra que 59,5% dos entrevistados que declararam ter votado em Romeu Zema (Novo) no segundo turno de 2018 repetiriam o voto no governador em 2022. O recall de Zema é superior, por exemplo, ao de Jair Bolsonaro (PL). O TEMPO mostrou ontem que 42,8% dos eleitores do presidente no segundo turno das últimas eleições votariam nele novamente no ano que vem.
“Esse recall pode estar associado à crença de um bom desempenho de Zema. Esses eleitores estão satisfeitos com o governo atual e provavelmente vão reforçar seu voto em 2022 no governador”, avalia a cientista política Audrey Dias, coordenadora do instituto DATATEMPO.
O cruzamento indica que o fato de Antonio Anastasia (PSD) ser do mesmo partido e aliado de Alexandre Kalil (PSD) não favorece a migração dos votos do ex-governador para o prefeito de Belo Horizonte, pelo menos neste momento.
Os votos de Anastasia ao governo de Minas em 2018 estão divididos: 32,4% afirmam que agora votariam em Kalil, e 29,7% dizem que vão escolher Zema no primeiro turno das próximas eleições.
Já 22,8% dos eleitores de Anastasia preferem migrar para uma das candidaturas da terceira via: Rodrigo Pacheco (PSD), Reginaldo Lopes (PT), Áurea Carolina (PSOL) e Paulo Brant (PSDB).
A pesquisa também mediu a migração dos votos do primeiro turno em 2022 para um segundo turno entre Zema e Kalil. De forma geral, os eleitores repetem o voto – 94,7% no caso de Kalil e 93,5% no de Zema.
Nesse cenário, porém, o prefeito herdaria metade dos votos da terceira via. Vale destacar que durante a campanha essa transferência de votos pode aumentar, já que Kalil deve ter apoio expresso do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que, ao que tudo indica, não vai disputar o governo, já que é pré-candidato à Presidência.
Além disso, a pré-campanha de Kalil voltou a flertar com uma aliança com Lula e o PT, nem que seja em um eventual segundo turno, o que poderia ajudar a atrair votos da esquerda em geral. Articulador político do prefeito, Adalclever Lopes se reuniu com o ex-presidente recentemente em São Paulo.
Para Audrey, o importante neste momento para Kalil é conquistar votos, independentemente da origem deles. “Ele precisa conquistar os votos da terceira via, bem como de quem ainda não sabe em quem vai votar e também os que hoje estão sendo atribuídos a Romeu Zema”.
Audrey vê espaço para Kalil tirar votos do governador. “Mesmo entre aqueles que hoje avaliam o governo como muito bom ou bom, 39,3% poderiam votar em Kalil ou votariam com certeza nele, o que mostra que há margem para se converter votos do adversário”, conclui.
Em novembro, o governo estadual e a gestão de Romeu Zema seguem bem avaliados, com os indicadores praticamente inalterados desde julho. “Esta é a vantagem do incumbente: ele detém recursos e prerrogativas que tornam suas realizações mais visíveis e conhecidas”, explica a cientista política Audrey Dias. “Além disso, diferentemente de Bolsonaro, o governo dele não foi marcado por conflitos e tensões, nem graves crises políticas”, conclui.
O melhor desempenho do governador é na parcela mais rica da população: a média geral de 60,8% de aprovação salta 10 pontos, para 70,8%, quando o recorte é eleitor com renda superior a dez salários mínimos.
A pesquisa DATATEMPO realizou 1.404 entrevistas em todas as regiões do Estado entre os dias 26 de novembro e 1 de dezembro. A margem de erro é de 2,62% e o nível de confiança é de 95%. Por causa de arredondamentos, as somas podem ser maiores ou menores que 100%.