Indicado por Lula (PT) para conduzir a formação do palanque com Alexandre Kalil (PSD) em Minas Gerais, o líder do PT na Câmara dos Deputados, Reginaldo Lopes (PT), disse nesta terça-feira (17) a O TEMPO que “a priori, ninguém pediu” para ele retirar a pré-candidatura ao Senado.
“De concreto, a novidade é que, de fato, o PSD propôs que o PT ficasse com a vaga de vice na chapa (do Kalil). Segundo: o presidente Lula pediu que eu resolvesse o palanque e acabasse de arrematar”, disse Reginaldo Lopes. Na segunda-feira (16), ele se reuniu com Lula e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, em São Paulo. “A partir desse comando dado, vou agora começar as conversas e falar com todo mundo”.
Questionado se isso põe fim à pré-candidatura dele ao Senado, Lopes disse que “a priori, ninguém pediu” para ele retirar. "Tem uma proposta na mesa de ser o vice. O presidente Lula pediu para conversar e ver se o partido fica na vice, se eu tenho disposição (para ser o vice) ou quem ficará no posto”, explicou o deputado. “Vamos conversar. Estou à disposição do projeto nacional, do que for melhor pro projeto nacional”.
A declaração ocorreu de forma praticamente simultânea a uma reunião de Kalil com as bancadas federal e estadual do PT na tarde desta terça-feira para discutir a indicação de um vice petista para a chapa. A informação foi publicada primeiro pela rádio Itatiaia e confirmada por O TEMPO com pessoas próximas do ex-prefeito de Belo Horizonte. Segundo essas fontes, Lopes, apesar de ser o responsável por conduzir a aliança Lula-Kalil, não está presente na reunião.
Na conversa com O TEMPO, Reginaldo Lopes não descartou inclusive a possibilidade de palanque duplo ao Senado, com a candidatura dele e de Alexandre Silveira (PSD). Reginaldo Lopes ponderou, no entanto, que é preciso aguardar uma decisão da Justiça Eleitoral para esclarecer se o arranjo seria possível do ponto de vista da legislação.
O principal impasse para a aliança entre Lula e Kalil é justamente a vaga ao Senado na chapa. O grupo mais próximo a Silveira não aceita a hipótese de palanque duplo porque considera que, como atual senador, ele tem o direito de disputar a reeleição sem ter rivais na mesma chapa.
Nos bastidores, há a especulação de que, além de indicar o vice na chapa de Kalil, o PT pode escolher o primeiro suplente de Alexandre Silveira. Questionado sobre esse ponto, Lopes afirmou que ainda não há nada definido sobre o desenho da chapa e por isso ele vai conversar com Silveira, que também é o presidente do PSD de Minas, para acertar a composição.
Segundo o petista, a tendência é pelo acordo. “Há desejo do Kalil e do presidente Lula por uma aliança entre os dois e o palanque em Minas Gerais. Em quinze dias a gente resolve tudo”, projeta Reginaldo Lopes.
Presidente do PT em Minas, Cristiano Silveira (PT) disse que foi convidado para a reunião com Kalil, mas não pôde comparecer. “Eu acho tranquilo (o encontro ocorrer) porque as decisões sempre são tomadas pelas instâncias partidárias, no caso as direções estadual e nacional”, afirmou.
Segundo ele, o partido ainda não respondeu à proposta feita pelo PSD, de indicar o vice da chapa em troca de abrir mão da candidatura de Reginaldo Lopes ao Senado.
“Nós ainda não demos resposta. Estamos conversando. Falamos com o Lula e com a Gleisi um pouco, agora vamos conversar aqui (em Minas). O Reginaldo ficou incumbido de acelerar, intensificar essas conversas e sentar com o Kalil, o presidente do PSD daqui, para saber se essa é a última proposta e as condições negociais, se realmente não é possível as duas candidaturas (ao Senado)”, explicou. “Longe de alguém achar que a candidatura do Reginaldo está retirada e que o PT já fez essa opção de fazer essa troca”, concluiu o presidente do PT em Minas.
A prioridade no PT é a eleição de Lula à presidência da República. Nesse sentido, além das negociações a nível estadual, há um componente nacional que influencia nas negociações em Minas Gerais.
É desejo público do PT que o PSD apoie nacionalmente Lula já no 1º turno. A posição do PSD é de que vai liberar cada Estado para apoiar quem desejar, seja o petista ou Bolsonaro. Como segundo maior colégio eleitoral, Minas pode ser um fator importante para convencer os pessedistas a mudarem de oposição.