Reginaldo Lopes

Uma nova economia para as cidades

Pela criação de um fundo municipal de investimento coletivo


Publicado em 29 de dezembro de 2020 | 03:00
 
 
 
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Nesta semana, tomam posse prefeitos e prefeitas que enfrentarão um cenário de incertezas e dificuldades. Com um país no meio da crise sanitária da pandemia e sem nenhuma previsão de vacinação, o desafio será encontrar soluções criativas para vencer o momento difícil. Principalmente já pensar suas cidades para o cenário pós-pandêmico.

Uma das grandes dificuldades será lidar com uma possível queda na arrecadação de impostos. Com a diminuição da atividade econômica e o aumento do desemprego, a tendência é que os municípios arrecadem menos, o que trará dificuldades para gerir o básico, como educação, saúde, mobilidade, e ainda garantir investimentos no desenvolvimento.

A situação será mais difícil para os municípios que não têm praticamente nenhuma arrecadação própria e dependem exclusivamente de repasses federais e estaduais. Até aqui, o que contribuiu para o funcionamento da economia foi a destinação para milhões de brasileiros do auxílio emergencial, que garantiu o fluxo de renda. Mas o governo federal já deu mostras de que não pretende prorrogar o benefício, o que vai aprofundar a crise instalada.

Ainda sob o espírito natalino, devemos aprender com os ensinamentos bíblicos de valorizar a união e a solidariedade. A ideia de cada um por si e Deus por todos é falsa. Deus não está presente quando sobressaem o individualismo e o egoísmo, e sim quando o princípio da cooperação e a fraternidade prevalecem. Baseados nesse conceito, os governantes municipais devem pensar em investimentos coletivos para coordenar suas gestões. Cuidar de cada morador, não deixar ninguém para trás no esforço da inclusão produtiva e econômica.

Além de aplicar políticas distributivas, o gestor tem que ter criatividade para cuidar do desenvolvimento local, agindo como fomentador e gerador de novas riquezas. Organizar a nova economia da cidade como política pública prioritária. O Executivo e o Legislativo municipal têm que criar instrumentos para incentivar a organização das pessoas desempregadas na busca da empregabilidade e da geração de renda, na perspectiva de criar a porta de saída das políticas sociais.

Um dos caminhos é a criação de um fundo municipal de investimentos coletivos, que organize e faça benfeitorias para as cooperativas de trabalhadores em várias áreas da economia. Ele deve garantir renda básica para a qualificação e para o trabalho. Pode funcionar como uma escola permanente de formação de mão de obra na cidade, gerando um fluxo produtivo e criativo.

Diversificar e potencializar a economia local não deve ser tarefa apenas do poder público, mas deve contar com a participação da iniciativa privada, que se beneficia diretamente do desenvolvimento do município.

Juntos, devem investir em financiamento dos investimentos coletivos (associações e cooperativas), como na aquisição de maquinários e construção de galpões que abriguem o trabalho. Contribuir para a sustentabilidade dos empreendimentos coletivos até que se tornem autossustentáveis.

O momento exige mais criatividade e objetividade na organização das lideranças locais para aplicação de políticas de emancipação e inclusão econômica. Todo município poderá se tornar autossustentável se investir no seu próprio desenvolvimento.

Os novos prefeitos e prefeitas não devem se acomodar enquanto uma família no seu município estiver sem renda e sem trabalho. E quem tenhamos vacina, saúde e um feliz 2021!

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