Política em Análise

A candidatura de Marcelo de Souza e Silva

Presidente do CDL já polarizou com Kalil durante a pandemia, mas defendeu posição minoritária no eleitorado

Por Ricardo Corrêa
Publicado em 08 de setembro de 2020 | 10:13
 
 
 
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Com o início das convenções para a escolha dos candidatos, começo a falar hoje sobre os nomes colocados na disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte, já aprovados por seus partidos. A ideia é, nesse espaço, falar um pouco sobre desafios e estratégias desses candidatos na disputa de novembro. E faremos na ordem da escolha dos nomes por parte dos partidos. Assim, a primeira candidatura a ser abordada hoje é a de Marcelo de Souza e Silva, do Patriota, lançado em convenção na tarde do último dia 31.

Marcelo de Souza e Silva é empresário e presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL). Por causa disso, já mesmo antes do início da campanha, tentava polarizar o debate com o prefeito Alexandre Kalil (PSD), nas discussões acerca da flexibilização das regras restritivas usadas para combater a pandemia do novo coronavírus. Eis aí ponto que pode ajudá-lo no embate com os adversários: o fato de já ter obtido espaço num embate direto com o prefeito, que é o todos os candidatos devem buscar ao longo da campanha.

Além do mais, Marcelo de Souza e Silva tenderá a utilizar isso para embasar suas posições em um debate que deve ser importante nesta campanha, que é o da retomada econômica após a pandemia. Ele também tentará apresentar sua presença no Poder público, como secretário de Desenvolvimento Econômico e da Regional Centro-Sul, por um curto período entre 2013 e 2015, como prova de experiência administrativa, o que esse ano parece, pelas pesquisas, ter mais importância para o eleitor do que nas eleições recentes.

Mas também virão muitos desafios para o pretenso candidato do Patriota. E alguns deles vêm justamente desse embate que ele travou com o prefeito Alexandre Kalil durante a pandemia. É bem possível que ele tenha que responder, durante a campanha, a acusações de que teria usado a pandemia para se promover politicamente. Afinal, por diversas vezes, enquanto debatia com o prefeito, ele negou que fosse candidato. Inclusive, quando foi procurado por O TEMPO e pela rádio Super, disse que não disputaria o pleito. Portanto, não se assumiu candidato, quando já se sabia que ele vinha construindo uma candidatura.

Também é um desafio para Marcelo de Souza e Silva enfrentar a rejeição que pode surgir do fato de que defendeu, durante o período da pandemia, uma pauta minoritária. Isso, em geral, tem consequências eleitorais. Todas as pesquisas mostram que a maior parte do eleitorado defendia as medidas mais rígidas adotadas pela prefeitura para o controle da pandemia. Agora, portanto, Marcelo será cobrado quanto a isso.

Além do mais, é sempre mais difícil tocar a campanha em um partido pequeno, com apenas seis deputados, sem tanta estrutura e sem capilaridade no município, embora o Patriota tenha reunido alguns nomes conhecidos da política da capital para tentar encarar essa eleição como um partido médio. A própria eleição de Kalil demonstra que esse é um obstáculo que pode ser superado, mas é preciso realçar que o cenário de hoje é bem distinto do que de 2016.

Amanhã falaremos um pouco sobre a candidatura de Áurea Carolina (PSOL), segundo nome aprovado em convenção em 2020.

 

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