Na série de análises sobre as candidaturas à Presidência da República, falo hoje de Soraya Thronicke (União Brasil), uma das últimas a serem lançadas ao cargo, em substituição a Luciano Bivar, até então pré-candidato da legenda. Na luta para sair do zero, ela conta com tempo de TV expressivo e, se o partido quiser, fundo eleitoral relevante, estrutura partidária robusta e pouca rejeição. Como desafios, o amplo desconhecimento, o desânimo da campanha e o fato de seus eleitores serem vinculados ao presidente Jair Bolsonaro (PL).
Mesmo sem alianças partidárias, o União Brasil é um gigante nas eleições. Com isso, Soraya Thronicke terá o quarto maior tempo de televisão entre os candidatos para tentar se diferenciar dos demais nanicos na corrida eleitoral. E, se o partido quiser gastar com sua candidatura, terá fundo partidário e eleitoral pomposos. Esse ponto é mais complexo pois a prioridade da sigla deve ser nas eleições para deputados e senadores.
Ainda assim, Soraya Thronicke também conta com estrutura partidária robusta, com capilarização e palanques em todo o país. O União Brasil é o segundo partido com mais candidaturas - atrás apenas do PL do presidente Jair Bolsonaro - e tem nomes competitivos em vários Estados brasileiros.
Também joga a favor de Soraya o fato de ser mulher em um momento em que se avolumam as campanhas pelo voto feminino e por uma maior representação do gênero nos cargos públicos, e o fato de ser de uma nova geração da política e com pouca rejeição.
Os desafios para ela, porém, são inúmeros. A começar pelo desconhecimento quase que completo pela maior parte dos eleitores brasileiros. Com exceção dos eleitores do Mato Grosso do Sul, que a levaram ao Senado, a maior parte do país desconhece Soraya que, até por ter entrado no fim da fase de pré-campanha, teve ainda menos chances de se tornar uma figura popular.
Há, talvez também por conta dessa entrada de última hora, um certo desânimo e falta de coordenação na campanha. Fica a impressão, por vezes, de que a candidatura não é para valer e, até o momento do registro havia dúvidas de fato se a senadora iria concorrer. Agora, a dúvida é sobre o entusiasmo do União Brasil em fazer de fato campanha para ela. Hoje, o diagnóstico que se faz é de que seu nome foi colocado apenas para assegurar a posição de neutralidade no primeiro turno, em meio a pressões de Lula e Bolsonaro por apoio.
Por fim, o eleitorado que levou Soraya Thronicke ao Senado é formado por bolsonaristas, com quem ela rompeu em meio à pandemia ao considerar que o presidente estava sendo negacionista. Como vimos em outros casos, esses rompimentos costumam ser identificados como traição por esse público, que tende a se afastar. Seria muito mais lógico hoje imaginar que aqueles que colocaram Soraya Tronicke no Congresso hoje votariam em Bolsonaro do que o contrário. E isso é um baita limitador para um desempenho razoável nas eleições.