Aprendendo na prática

Zema está aprendendo na prática que governar é bem mais difícil do que gerenciar uma empresa de eletrodomésticos ou uma rede de postos de gasolina. E isso tem um enorme custo para a imagem do partido Novo. Talvez o governador e as principais lideranças do partido não tenham tido ainda essa consciência, mas o envelhecimento que a legenda sofreu com o descumprimento de promessas irrealizáveis é enorme.

O atual governador de Minas Gerais já precisou dobrar a língua e admitir erros em duas questões simbólicas em sua campanha: o uso de aeronaves oficiais e o pagamento de jetons para secretários de Estado. Talvez isso lhe ensine uma lição: é melhor focar em questões práticas do dia a dia para provar que é diferente dos outros políticos do que jogar com questões menores e transformá-las em grandes acontecimentos.

Além de apanhar bastante nas redes sociais e em seu próprio eleitorado, a postura pouco sincera também acabou piorando bastante a relação com a Assembleia, que ainda cobra um preço maior para fazer as pazes. Os deputados exigem que o governador fale publicamente sobre seus erros, não bastando para eles a declaração curta em nota divulgada ontem.

No episódio dos jetons, chama a atenção o fato de apenas um dos três deputados de seu partido ter se posicionado ao seu lado. Os outros dois já avisaram que vão trabalhar para derrubar o veto ao fim da gratificação aos secretários.

A aposta na Assembleia, porém, é que que Zema ainda virá a público pedir desculpas e vai mudar sua postura a partir de agora. Mas, hoje, o clima é cada vez pior no Legislativo e já há deputados que falam abertamente que prefeririam Paulo Brant na função que o atual governador. Longe de haver um movimento em prol do impeachment de Zema, mas a perda de popularidade, quando casada com uma insatisfação generalizada entre os parlamentares, nunca rende bons frutos.

Ouça o comentário do editor de política de O Tempo, Ricardo Corrêa: