Política em Análise

Bolsonaro sofre em junho e perde popularidade

Em mês para esquecer, presidente vê queda no apoio, enquanto aliados são alvos de operação


Publicado em 23 de junho de 2020 | 10:09
 
 
 
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O mês de junho tem sido um dos piores até agora para o governo Jair Bolsonaro. As investigações a respeito de uma máquina de fake news em apoio ao presidente avançaram, um grupo de manifestantes radicais passou a ser alvo da Justiça, inclusive com a prisão de Sara Geromini, e o ex-assessor de seu filho, Fabrício Queiroz, foi preso na casa do advogado da família. Tudo em sequência, fazendo com que as notícias sobre o governo fossem ainda mais negativas. No período, ainda houve a demissão do ministro da Educação, Abraham Weintraub, que saiu do país em circunstâncias polêmicas 

Em meio a tudo isso, era de se esperar que a avaliação do presidente nas pesquisas diminuísse. E foi mesmo isso que aconteceu, de acordo com um estudo da Quaest, publicado pelo site jurídico Jota. De acordo com os estudos, a avaliação negativa do governo bateu novo recorde, alcançando 54% (eram 48% no último mês). Enquanto isso, a avaliação positiva ficou em 21%. Continua havendo uma migração daqueles que consideravam o governo regular. Eram 30% no mês passado e, agora, são 23%. Dos sete pontos perdidos nessa faixa, seis foram para a avaliação negativa.

Chama a atenção nos números a maciça perda de apoio de Bolsonaro nas classes mais altas. Na faixa que ganha acima de cinco salários mínimos, a impopularidade já se aproxima de 70%. Na classe média o cenário também não é bom. Só melhora um pouco entre os mais pobres, o que pode ser explicado pela necessidade evidente do auxílio emergencial pago pelo governo. É curioso também notar que, hoje, o presidente já tem avaliação negativa maior no Sudeste do que no Nordeste, o que era difícil de esperar no início do governo.

A pesquisa também mostra que hoje cerca de 30% daqueles que votaram em Bolsonaro já o desaprovam. É um sinal claro de perda de apoio entre aqueles que acreditaram no discurso do presidente. 

Com o discurso anticorrupção abalado pelo caso Queiroz, e a tática de ir ao ataque contra a velha política inviabilizada pela aproximação com o Centrão, o governo tenta se sustentar apenas com o argumento de que promove uma luta contra o comunismo, que emplaca nessa parcela de 30% do eleitorado mas não agrega mais ninguém. O grande problema é que aliar-se ao Centrão tira votos na urna, mas garante a sobrevivência. Entre a salvação do discurso ou de sua cabeça, Bolsonaro precisou optar pela segunda alternativa.

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