Os últimos movimentos de Luciano Huck, incluindo as declarações da esposa Angélica, denotam que sua candidatura em 2022 é um fato real. Quando a apresentadora diz que a opção de ser ou não pretensa primeira-dama não está mais em seu controle, dá a senha para dizer aos que têm essa intenção de que basta se unir na pressão pela candidatura do artista global para que ela aconteça.

Mas antes mesmo dos aliados, são os adversários que estão criando o nome de Huck como alternativa viável. Ao criticá-lo, esquerda, desde 2018, e direita, nos ataques recentes de Jair Bolsonaro, ajudam a formá-lo como uma terceira via, que é exatamente a capa que ele pretende ter.

Nesse campo, Huck pode ter dificuldades iniciais de se viabilizar caso funcione estratégia semelhante do governador de São Paulo, João Doria. Embora seja um político de direita nos discursos e atitudes, o paulista alterou suas linhas de comunicação para parecer algo que, imagina, é o que eleitor vai querer após frustrar-se com uma polarização exacerbada.

Mas tanto Huck quanto Doria, ao lançarem-se desde já, correm o risco ver seus voos abatidos no caminho. O mesmo vale para o governador do Rio, Wilson Witzel, à direita. Ainda assim, ninguém quer perder tempo após perceber que Bolsonaro fez campanha pelos cantos por quatro anos antes de surpreender seus adversários na hora em que a disputa formal começou. Criou-se o conceito de campanha permanente. Péssimo para o Brasil, aliás, que nesse momento precisa de menos disputa de nomes e mais debate profundo dos problemas do país.