Política em Análise

Kalil e Pacheco crescem

Acordo entre DEM e PSD mostra força e capacidade de articulação dos dois políticos mineiros fora das fronteiras do Estado

Por Ricardo Corrêa
Publicado em 06 de janeiro de 2021 | 11:44
 
 
 
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O acordo entre PSD e Rodrigo Pacheco (DEM) em torno da disputa pelo comando do Senado, feito na casa do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, dá mostras suficientes do crescimento político dos dois principais envolvidos. O senador e o prefeito são hoje as figuras políticas mineiras com a maior projeção nacional – cargo normalmente ocupado pelo governador do Estado que, como se sabe, atualmente, não é um gestor afeito à política. E a aliança firmada é boa para os dois, sem qualquer dúvida, dando provas de boa articulação de ambos.

Pacheco e Kalil cresceram em meio ao vácuo deixado por duas lideranças tradicionais no Estado nos últimos anos: os ex-governadores Aécio Neves (PSDB) e Fernando Pimentel (PT), ambos alvejados por operações policiais e denúncias na Justiça. Tanto foi assim que o senador e o prefeito ganharam projeção justamente no pior momento enfrentado por ambos, na corrida eleitoral de 2016. E cresceram justamente como antipolíticos, ou alguém de fora da política tradicional. Mostraram, porém, que se adequaram muito bem às articulações.

Na disputa eleitoral há quatro anos, Kalil venceu, mas Pacheco saiu fortalecido, considerado um fenômeno de votos para alguém ainda pouco conhecido. Dois anos depois, Pacheco fez um acordo com os tucanos para desistir da disputa estadual em troca de ser um candidato forte ao Senado. No mesmo ano, Kalil ajudou a eleger o nome do PSD, Carlos Viana. Mais dois anos e, agora, Kalil venceu com folga o candidato de Pacheco em BH, o deputado João Vítor Xavier (Cidadania). Mas o senador teve bons resultados entre seus aliados do interior e garantiu uma capilaridade importante para a corrida de 2022.

Embora tenha conseguido êxito fora da região metropolitana, porém, Pacheco sabe que a disputa de 2022 seria muito difícil para ele. É bem provável que, caso Kalil concorra, haja uma polarização entre ele e o governador Romeu Zema. Assim, trocar a chance dessa disputa por uma aliança que o deixa com reais chances de comandar o Senado parece decisão acertada.

No caso de Kalil, a aliança serviu para mostrar um protagonismo nacional em seu partido. Tirar um importante adversário da corrida em torno de uma aliança pode ser ainda mais estratégico. Afinal, se lá na frente surgir a possibilidade de um voo nacional para Kalil, ele poderia muito bem tentar devolver a Pacheco a chance de concorrer em Minas em troca de um acordo mais amplo com o DEM, que mais uma vez seria bom para os dois. Isso é política.

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