Kalil x Zema

O prefeito Alexandre Kalil resolveu tensionar um pouco mais a relação com o governo do Estado, ao relembrar de forma reiterada o atraso de verbas da saúde por parte da gestão de Romeu Zema. Nas falas, ele enfatiza que não está falando dos atrasados deixados por Fernando Pimentel, mas de dinheiro deste ano que o Estado simplesmente deixou de repassar. O resultado, diz o prefeito, pode ser até mesmo o fechamento de hospitais na capital.

Por um lado, Kalil antecipa o que pode vir pela frente para preparar qualquer medida extrema, seja ela ir à Justiça para forçar os repasses imediatos ou suspender o atendimento, colocando o problema na sala de Zema. E o governo, como tem sido comum, não parece ter percebido o tamanho do problema de forma imediata. Assim, depois de algum tempo de calmaria, o governador pode se preparar para momentos difíceis na relação com o prefeito da capital.

É evidente que o prefeito tem razão em cobrar os repasses atrasados. É dinheiro que o município tem direito e a situação financeira pela qual passa o Estado não é um problema da prefeitura. Ademais, a postura do secretário estadual de Fazenda de insistir na exigência de que Kalil assine o acordo conforme está descrito, sem margem para negociações, parece não ser a mais adequada para um devedor. Quem deve tem obrigação de buscar um acordo caso não consiga pagar, mas não pode colocar o credor contra a parede.

O governo conta que, no desespero, a prefeitura opte por receber uma parte do que se deve, sob o risco de ficar anos na espera. Mas de fato se um hospital for fechado em Belo Horizonte, em poucas horas o Judiciário tende a mandar reabri-lo nem que para isso precise bloquear dinheiro nas contas do Estado. É esse o recado de Kalil nessa queda de braço. É preciso ver como o governo vai reagir.

Ouça o comentário do editor de Política Ricardo Corrêa: