Política em Análise

Mais líder, menos embaixador

Mesmo que vença a batalha pela liderança, Eduardo Bolsonaro acabou perdendo força para ser indicado para a embaixada nos Estados Unidos

Por Ricardo Corrêa
Publicado em 22 de outubro de 2019 | 02:00
 
 
 
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Mesmo que vença a batalha em torno da liderança do PSL, o que ainda não está totalmente claro, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) acabou enfraquecido na possibilidade de tornar-se embaixador do Brasil em Washington. A maneira como lidou com a situação, que contou com truculência em ambos os lados, certamente não trouxe qualquer componente de capacidade diplomática. A guerra deflagrada em meio a seus próprios aliados mostrou que o filho do presidente teria enormes dificuldades de lidar com conflitos naturais que surgem na relação entre dois países, em especial quando um deles é uma Nação que não entra em nenhum debate disposta a ceder demais.

Além do mais, o esforço pessoal do pai para tentar fazer do filho líder do partido deu mais argumentos àqueles que defendem que o presidente só atua em prol da família, sem confiar fielmente e qualquer outro político que não esteja ligado a ele por laços de sangue.

Enquanto a tropa virtual passou os últimos dias focada em um duelo particular com Joice Hassellmann, Delegado Waldir e Major Olímpio, não houve qualquer ênfase no que realmente importa nessa semana no Congresso: a votação da reforma da Previdência, inevitável para o reequilíbrio das contas públicas.

Aliás, não fosse a briga do PSL, o governo estaria hoje prestes a comemorar sua maior vitória. A aprovação da reforma da Previdência, embora impulsionada muito mais no Parlamento e no ministério da Economia do que no Palácio do Planalto, era impensável até muito pouco tempo. Hoje, é tida como favas contadas. Tanto que o presidente nem se preocupou em estar no Brasil no momento decisivo, quando o segundo turno está prestes a ser votado. É até difícil imaginar que, feita essa parte do trabalho, o governo fará qualquer esforço pela PEC paralela, que estende as regras aos Estados, ou a reforma dos militares. Há ainda a reforma administrativa  e a tributária para serem enviadas. Mas o presidente tem preferido gastar os créditos telefônicos para vencer a batalha em seu partido a qualquer custo.

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