Política em Análise

Manifestações esvaziadas

Atos com Bolsonaro e Lula registraram pouco público, indicando que cidadão brasileiro está preocupado com seus problemas mais urgentes

Por Ricardo Corrêa
Publicado em 02 de maio de 2022 | 11:44
 
 
 
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As manifestações do domingo (1) em todo o Brasil foram um fracasso de público. Tanto as contrárias quanto as favoráveis ao governo. E nem mesmo as presenças do presidente Jair Bolsonaro (PL), em Brasília, e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em São Paulo, animaram os militantes. Isso indica que, apesar de todo barulho nas redes sociais em torno do processo eleitoral e da polarização entre eles, o brasileiro está hoje focado em questões mais urgentes e pessoais.

Na capital federal, Bolsonaro chegou a convocar os militantes, ensaiou a ideia de discursar, mas mudou de ideia após conselhos de aliados. Não deixou de estar presente no ato, porém, mas apenas desfilou entre os apoiadores e foi embora sem subir no carro de som. Preocupado sempre em mostrar a força de sua tropa de apoio, o presidente não queria se deixar fotografar falando para um público diminuto, que teve que se contentar com as falas do ministro Augusto Heleno e do ex-secretário de Cultura Mario Frias, por exemplo.

Mais tarde, em São Paulo, Lula enfrentou situação semelhante quanto à presença de público no ato das centrais sindicais em comemoração ao 1º de maio. Com pouca gente na plateia, o petista chegou a adiar o discurso por alguns momentos enquanto os aliados buscavam mobilizações que garantissem maior presença de público. Mesmo assim, quando subiu ao palco, Lula viu um contingente bem menor do que em outras ocasiões.

Se essas manifestações com a presença dos líderes das pesquisas fracassaram, o que dirá das outras realizadas por todo o país e sem eles. Com raras exceções, todas tiveram público bem abaixo do esperado.

A situação reforça o que outros atos nos últimos meses já demonstraram: o brasileiro está de saco cheio de ir pra rua, não vê sentido em se manifestar de forma permanente e está preocupado com outras questões. A despeito de toda a agitação de quem está no meio político, hoje o cidadão preocupa-se é com a conta do supermercado, num período de inflação em alta, desemprego ainda preocupante e poucas perspectivas na economia. Recuperando-se da pandemia, o brasileiro corre atrás do prejuízo e não está disposto a perder seu domingo de folga para ir às ruas apoiar seu candidato.

Ainda que a militância nas redes sociais transforme Lula e Bolsonaro, hoje líderes dos levantamentos, em heróis para parcelas relevantes da população, muitos darão seus votos a eles, mas sem a convicção e o fanatismo que seus aliados esperam. O clima eleitoral ainda não chegou na rua.

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