O cidadão de Belo Horizonte já está acostumado a ouvir promessas sobre a expansão do metrô de Belo Horizonte. Por isso, a cada vez que surge um anúncio de recursos para a obra, ele já deixa claro que duvida que vai mesmo se concretizar. Não é por acaso. É assim todo ano eleitoral. Nesta quarta-feira, o presidente Jair Bolsonaro repetiu seus antecessores Lula, Dilma e Temer, e o ex-governador Aécio Neves e anunciou verbas para a construção da linha 2. Mas será que dessa vez o dinheiro vem mesmo?

Apesar de toda a desconfiança, a situação é diferente das ocasiões anteriores. Agora, o dinheiro tem origem e não é no Orçamento da União. A verba será repassada por uma empresa privada que está pagando uma multa por ter devolvido trechos antieconômicos de linhas férreas. Assim, não deve sofrer contingenciamento ou ser redirecionada, como se deu nos governos anteriores. O recurso para a construção da linha 2, que virá da Ferrovia Centro-Atlântica, será depositado diretamente em uma conta do BNDES específica para o caso. Assim, dessa vez o dinheiro deve mesmo chegar ao destino.

A FCA está pagando R$ 1,2 bilhão de multa, em 60 parcelas mensais. Parte desses pagamentos já foram feitos, mas o valor de R$ 186 milhões não volta mais pro Estado. O restante, porém, já vai cair na conta destinada para o projeto. 

Por pouco Minas não ficou sem o dinheiro que ainda vai ser depositado. Há poucas semanas, com as primeiras parcelas caindo sempre no caixa da União, uma mobilização da bancada começou a ser feita para pressionar pela solução. Havia a promessa, inclusive, de protestos caso a situação não fosse resolvida e o recurso garantido. O governo queria usar a verba para obras em outras partes do Brasil, assim como fez com o dinheiro vinculado à própria renovação da concessão ferroviária, que também gerou verba bilionária. No fim, acabou aceitando vinculá-lo ao metrô.

Como a questão da origem dos recursos é técnica e gato escaldado tem medo de água fria, isso não deve gerar dividendos imediatos para o presidente Jair Bolsonaro, para parlamentares que atuam mais diretamente na obtenção do recurso, para o governo de Minas, que deve tocar a obra, ou para a Prefeitura de Belo Horizonte. Isso só vai se dar mesmo quando as obras começarem a ser vistas pela população. Até lá, aos olhos do eleitor, não passará de promessa eterna.