A confirmação do afastamento do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), em votação esmagadora, reforça a informação de que as provas envolvendo o chefe do Executivo do Rio revelam fatos incontroversos. Por conta disso, mesmo a necessária crítica ao fato de que a decisão inicial se deu de forma monocrática ficou de lado. Wilson Witzel, que se elegeu com um combativo discurso anticorrupção parece estar mesmo no caminho dos antigos ocupantes do Palácio da Guanabara: a prisão por corrupção.
O afastamento vale por 180 dias, mas ninguém mais tem dúvida de que, neste período, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) vai aprovar o pedido de impeachment que encerrará de vez sua gestão. Mesmo a única esperança hoje de Witzel, uma decisão do Supremo Tribunal Federal, já é improvável, diante da total falta de capacidade de governar em meio a suspeitas tão fortes.
Enquanto isso, outros governadores de Estado que foram também alvos de investigação por supostas fraudes durante a pandemia do coronavírus devem abrir o olho. O STJ parece não estar mesmo para brincadeira. Nesta lista estão, por exemplo, os chefes do Executivo do Amazonas, Wilson Lima, que é inclusive do mesmo PSC de Witzel, e do Pará, Helder Barbalho (MDB). Ambos foram alvos de operações da Polícia Federal por possível participação em ilícitos em contratos na área de saúde.
O ocaso de Witzel e o risco aos demais governadores demonstra também como hoje as proteções concedidas a ocupantes de cargos no Executivo são mais frágeis do que as que estão dadas para deputados federais. Assim, é muito mais fácil afastar e prender um governador de Estado do que um dos 513 deputados federais, por exemplo. Por isso, mesmo acusada de homicídio, gerando grave risco para a sociedade e para as investigações, a deputada federal Flordelis ainda exerce cargo representando a população do Rio de Janeiro. Um total contrassenso, mas que só é possível por conta da necessidade de vencer o corporativismo reinante no Congresso Nacional. Fragilizada, Flordelis até deve ser afastada e depois presa, mas não sem o aval dos colegas, o que torna a punição a políticos com mais prestigiados totalmente improvável. Caso, por exemplo, de líderes do governo no Congresso. Com a Lava Jato sendo desmontada pela Procuradoria Geral da República, isso parece ainda mais evidente.