Política em Análise

Os três fatores que vão decidir a eleição

Campanha acirrada tem ambiente econômico, voto útil e horário eleitoral como variáveis importantes em sua reta final

Por Ricardo Corrêa
Publicado em 18 de agosto de 2022 | 11:34
 
 
 
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A disputa eleitoral de 2022 está aberta. Apesar da vantagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas de intenção de voto, a redução da distância entre ele e o presidente Jair Bolsonaro (PL), com a estagnação completa dos demais nomes na corrida eleitoral, indica um cenário que será definido pela força e evolução de três fatores: a melhora do ambiente econômico, a eficácia da estratégia do voto útil sobre os eleitores de Ciro Gomes (PDT) e o horário eleitoral no rádio e na televisão.

É inegável que a situação de Bolsonaro, embora complicada, já esteve muito pior. Pesquisas de intenção de voto ao longo do último mês mostraram uma recuperação de fôlego do presidente que está sustentada por uma melhora do ambiente econômico produzida artificialmente. Espera-se que isso tenha ainda mais frutos adiante, reduzindo a diferença e tornando a eleição mais acirrada. Esse primeiro fator não se dá apenas com os benefícios diretos do pagamento de auxílios diversos e da redução do preço da gasolina. Trata-se muito mais do efeito que essa injeção de dinheiro na economia produz no inconsciente dos brasileiros, quando a economia começa a girar mais e mesmo aqueles que não recebem o benefício começam a sentir uma situação melhor no ambiente econômico. Ainda que isso resolva só parte dos enormes problemas que temos, melhora o humor de quem vai às urnas e ajuda quem disputa uma reeleição.

O segundo fator, ao contrário, pode ajudar muito mais Lula do que Bolsonaro. A possível desidratação de Ciro Gomes (PDT) na reta final, com a estratégia de voto útil, é a principal arma do PT para tentar levar a eleição já no primeiro turno ou entrar na segunda etapa com uma vantagem melhor do que a que tem hoje. Em 2018, quase todos os candidatos viram suas intenções de voto evaporar na reta final em benefício de Bolsonaro, principalmente, e Haddad. Ciro resistiu. Como tem resistido nessa campanha. Mas as últimas pesquisas indicam que seu patamar já encolheu e seus eleitores têm em Lula a segunda opção. Se a chance de vitória em primeiro turno do petista se mantiver viva até a semana final da campanha, certamente o debate sobre liquidar Bolsonaro de cara ou arriscar um segundo turno será levado em consideração por seus eleitores.

O terceiro fator é o horário eleitoral. E esse traz muita incerteza sobre quem será o mais beneficiado. Por um lado, para Bolsonaro, atual presidente e, exatamente por isso, a maior vidraça da República, ter espaço em rádio e TV para divulgar a narrativa positiva de seu governo é um grande diferencial. Por outro, como Bolsonaro é mais forte que Lula nas redes, o horário equilibra um pouco mais essa disputa com o petista tendo mais tempo e um espaço que pode contrapor as narrativas que o bolsonarismo impõe na internet. Hoje, não é possível dizer qual desses aspectos vai falar mais alto. Como Lula está na frente, ele joga pelo empate. Se o horário eleitoral não fizer diferença, ele ganha a eleição. Mas ele é também quem tem mais a perder com qualquer novidade que apareça na disputa. E os candidatos aparecerem toda hora em pequenas inserções na TV do dia 26 em diante é uma enorme novidade em relação aos meses de pré-campanha.

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