Política em Análise

Simone Tebet sob pressão

Grupo de emedebistas pró-Lula coloca campanha a favor do presidente na rua para enfraquecer chances da correligionária ser o nome da terceira via

Por Ricardo Corrêa
Publicado em 12 de abril de 2022 | 10:30
 
 
 
normal

Alçada nos últimos dias a favorita nos bastidores para liderar o projeto de quatro partidos da chamada terceira via nas eleições de 2022, a senadora Simone Tebet (MDB) tem sua candidatura agora como alvo de ataques especulativos dentro de seu próprio partido. Com isso, Tebet corre o risco de sofrer o mesmo desgaste que outros nomes desse grupo já sofreram em busca da viabilização de seu nome ao Palácio do Planalto. Embora não seja surpresa para ninguém a divisão do MDB, o fato de caciques da legenda terem se reunido em jantar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de alguns deles terem dado declarações públicas sem qualquer constrangimento mostra que há em curso uma estratégia de fragilizar a correligionária. 

Com Lula não estavam emedebista com quem Simone Tebet realmente achou que contaria. Renan Calheiros (AL), Eunício Oliveira e Veneziano Vital do Rêgo, especialmente, nunca deixaram de defender o ex-presidente Lula. Agora, publicamente dizem que não querem que a legenda embarque num projeto próprio que não tenha viabilidade e que atrapalhem os planos da sigla nas eleições regionais.

Essa ala pró-Lula, concentrada principalmente no Norte e no Nordeste, é minoritária no MDB, mas tenta, com o movimento público, mostrar para os demais partidos da terceira via que apostar em Simone Tebet pode ser um risco. Afinal, se nem seu partido tem consenso na candidatura, pode ser que, lá na frente, essas outras siglas descubram que entraram em uma canoa que nem será colocada nas águas.

Simone Tebet sabe disso e, por isso, buscou no mesmo dia se encontrar com Baleia Rossi, presidente da legenda, e com o ex-presidente Michel Temer. Conseguiu fotos e declarações públicas para tentar minimizar os efeitos da mobilização contrária e manter-se viva na disputa pelo apoio dos outros três partidos de centro que estão conversando para lançar um candidato único no dia 18.

Outros nomes da terceira via já sofreram com o fogo amigo que busca dinamitar seus projetos. Sergio Moro, por exemplo, primeiro no Podemos e depois no União Brasil, não resistiu. João Doria e Eduardo Leite saíram bem fustigados dos ataques mútuos no PSDB, alimentados inclusive por uma ala bolsonarista entre os tucanos que queria mesmo era ver o circo pegar fogo, deixando o partido livre para composições regionais e sem um projeto presidencial. Agora, chegou a vez de Simone Tebet enfrentar esse mesmo obstáculo, em seu grande desafio até aqui na busca pela viabilização.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!