Crise sem fim

Rodrigo Maia deve ser 'CEO do Brasil'

Parlamentares da base defendem que presidente da Câmara conduza pauta do Congresso


Publicado em 21 de outubro de 2017 | 03:00
 
 
 
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BRASÍLIA. Sucessor de Michel Temer caso a Câmara aceite a denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR) contra o presidente e ele seja afastado do cargo, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tem afirmado a interlocutores que não atrapalhará a tramitação da denúncia, mas vai impor sua própria pauta à Casa Legislativa, ou seja, não ficará à espera dos projetos de interesse do Planalto. Segundo a coluna “Painel”, da “Folha de S.Paulo”, o grupo alinhado a Maia diz que, daqui para frente, ele tem que ser o “CEO do Brasil”, assumindo “a presidência do conselho”, em referência a termos da administração de empresas.

Em confronto direto com o Planalto nos últimos dias, Maia também se aproxima de parlamentares da oposição. Nesta semana, ele conversou com o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que segue subindo o tom contra Temer.

Confiantes de que a segunda denúncia contra o presidente será rejeitada na próxima quarta-feira, parlamentares buscam impor uma agenda própria, com forte apelo na sociedade, como projetos ligados à área da segurança pública.

Líderes dos principais partidos da base aliada ouvidos pelo jornal “O Estado de S. Paulo” descartam votar matérias consideradas impopulares – e defendidas pelo governo – a menos de um ano para as eleições de 2018, quando eles tentarão renovar seus mandatos. Citam o aumento de alíquota da contribuição previdenciária para servidores e o adiamento do reajuste do funcionalismo público.

Esses pontos devem ser tema de duas Medidas Provisórias (MP) que o governo pretende enviar à Câmara logo após a votação da segunda acusação formal contra o presidente. A aprovação da reforma da Previdência também é dada como improvável na atual legislatura, mesmo que seja um texto mais enxuto.

“Para essa pauta de desgaste, vai ser muito difícil ele (Temer) contar com o número suficiente da base para aprovar. Os partidos podem até encaminhar a favor, mas não terá correspondência nas bancadas”, disse o líder do PR na Casa, José Rocha (BA).

Populares. O deputado baiano defende como pauta principal propostas ligadas à segurança pública. Segundo José Rocha, Maia se comprometeu a reservar uma semana em novembro para votar no plenário só projetos nessa área, mas a data não foi definida.

Nesta semana, Maia criou uma comissão de parlamentares e juristas para discutir e elaborar projetos de modernização da legislação contra tráfico de drogas e armas. O colegiado será presidido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e funcionará inicialmente por 120 dias. “A sociedade verá que a Câmara tem agenda de temas que afetam o dia a dia das pessoas”, disse Maia na última terça-feira.

Governo. O líder do PMDB na Câmara, Baleia Rossi (SP), defende que a prioridade precisa ser a agenda de recuperação da economia: “É um esforço que todos os líderes devem fazer”.

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