Operação Nióbio

Romeu Zema já fala em pagar 13º salário de 2019 apenas no ano que vem

Pelo prazo previsto pelo governador, os servidores podem receber a bonificação até março de 2020

Por Bruno Mateus e Heitor Mazzoco
Publicado em 01 de outubro de 2019 | 20:30
 
 
 
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O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), já dá indícios de que o Estado não deve ter recursos para pagar em parcela única o 13º salário dos servidores, previsto para dezembro deste ano. 

O governo tenta um empréstimo junto a bancos que envolve os royalties do nióbio – recebidos pela Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemig). Anteriormente, a meta do Executivo era conseguir o empréstimo e colocar a folha de pagamento em dia – o que inclui o pagamento do 13º salário. 

Porém, em entrevista nesta terça-feira (1º), Zema demonstrou dificuldades com a operação. Ele afirmou ser complicado conseguir um empréstimo grande, porque há tendência de que as instituições financeiras sejam mais rigorosas para assumir “certo nível de risco”. 

“Temos feito de tudo para deixar essa operação extremamente segura, que isso significa menores taxas (de juros) para o Estado e maior facilidade na concessão de crédito. Está caminhando bem e dentro do cronograma. E o nosso cronograma prevê que ela venha a ser realizada até o início do ano que vem, no primeiro trimestre de 2020”, disse Zema. 

Pelo prazo previsto pelo governador, os servidores podem receber o 13º salário até março de 2020. Há também a possibilidade de o pagamento ser dividido em três parcelas (de janeiro a março). 

Caso o governo não consiga o empréstimo para fazer o pagamento até dezembro deste ano, o argumento junto aos servidores será o de que, ao menos, a previsão é melhor do que o que foi feito nos últimos anos. Para se ter uma ideia, o funcionalismo de Minas Gerais ainda não recebeu integralmente o 13º salário de 2018. 

O valor foi parcelado no final do ano passado para ser pago em 2019. Em setembro, após manifestação de servidores da segurança pública, o governo garantiu que pagaria o 13º salário no dia 21 de dezembro. 

Em reunião, o Executivo disse que precisa do empréstimo e também da aprovação do plano de recuperação fiscal para conseguir cumprir as promessas. 

A situação não foi recebida com bons olhos por deputados estaduais, que viram na promessa uma nova pressão para que sejam aprovados projetos de interesse do governo na Assembleia Legislativa de Minas Gerias (ALMG). 

Crítica 

Zema (Novo) disse ainda que o turismo do Estado perde recursos por causa de algumas estradas, que estão em péssimo estado de conservação. “Você precisa de um tanque de guerra para transitar por esses parques devido ao estado de conservação das estradas. Depende de (muito) investimento, mas, na situação em que o Estado se encontra, infelizmente vamos ter de aguardar um pouco”, afirmou Zema durante evento no Palácio das Artes. 

Sem recursos para investimento, o governador afirmou que “depende muito apenas de trabalho” para conseguir recursos e trazer turistas para Minas. 

Zema afirmou ainda que, em todo evento de que participa com empresários, tenta atraí-los para o Estado. Para convencê-los, o governador falou sobre aluguel e mão de obra baixos.

“Em todo evento empresarial que participo, eu convido empresários para instalar (empresas) aqui em nosso Estado. Falo: ‘Nosso aluguel, nossa mão de obra é mais barata que São Paulo e Rio de Janeiro’. Para fazer eventos aqui, em Minas, falo: ‘Os nossos hotéis, a estadia em Minas é mais em conta’”, afirmou. 

Zema também afirmou que o setor público do Brasil acostumou-se com a ideia de que todo projeto deve ter investimento de bilhões.

“Criou-se a noção de que tudo depende de milhões ou bilhões para ser feito. Realmente, recurso ajuda, mas trabalho também tem seu papel”, disse.

O governador finalizou afirmando que Minas Gerais foi o segundo Estado que mais criou empregos neste ano. O saldo entre demissões e contratações é positivo em mais de 100 mil vagas. 

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