Disparidades

Salários de diretores do BNDES supera R$ 100 mil

Diretoria do banco é a melhor remunerada entre as cinco instituições financeiras estatais


Publicado em 19 de fevereiro de 2018 | 03:00
 
 
 
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BRASÍLIA. O salário fixo da diretoria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) era, em 2016, de R$ 80,1 mil, e o presidente do banco de fomento recebia R$ 87,4 mil. Com as gratificações, os vencimentos da diretoria ultrapassavam os R$ 100 mil naquele ano. Os dados foram obtidos pelo jornal “Folha de S.Paulo” via Lei de Acesso à Informação e são os mais recentes disponibilizados pela entidade.

Entre os cinco bancos estatais federais, o BNDES é a instituição que paga a maior remuneração aos seus diretores. Segundo a entidade, os executivos não tiveram aumento de salário em 2017. Segundo a “Folha”, a diretoria também recebe auxílio-alimentação de R$ 1.613,49 e tem direito a auxílio-moradia de R$ 1.800 – neste último caso, apenas dois diretores, que não têm residência na cidade, segundo o banco, recebem o benefício.

No Banco do Brasil, por exemplo, essa conta – se forem incluídos pagamento de bônus baseados em ações e remuneração variável – é equivalente a R$ 87,4 mil mensais. Na Caixa, o valor dos salários mais o da remuneração variável é de cerca de R$ 60 mil.

A remuneração de funcionários das estatais é tema delicado, segundo especialistas em gestão, já que, se por um lado são instituições públicas, por outro precisam atrair profissionais qualificados. “É preciso lembrar que as estatais não estão sujeitas à mesma pressão do setor privado”, diz Sandro Cabral, professor do Insper. “Por outro lado, essas empresas precisam atrair bons profissionais”, conclui o especialista.

Os altos salários e bônus pagos pelos bancos privados a suas diretorias são os principais argumentos do BNDES para justificar a remuneração dos seus dirigentes, segundo a “Folha”.

No Bradesco, o salário médio da diretoria superou os R$ 140 mil em 2016. No Itaú, foi de R$ 84 mil. Esses valores chegam ao equivalente a R$ 280 mil e R$ 364 mil mensais, nessa ordem, quando se consideram benefícios como bônus e participações no lucro. “A remuneração total que pagamos aos nossos dirigentes é a menor entre todos os bancos”, afirma Henrique Rogério Lopes, superintendente do BNDES. O banco afirma ainda que paga mais a seus diretores porque dispõe de apenas nove executivos no alto escalão. Respectivamente, BB e Caixa têm 39 e 33 membros na diretoria.

Conselheiros recebem acima do teto constitucional

Responsável pela fiscalização da própria magistratura, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) possui pelo menos 14 integrantes – 13 conselheiros e o secretário-geral – que receberam em 2017 rendimento líquido acima do teto constitucional, de R$ 33,7 mil, equivalente ao salário de um ministro do Supremo Tribunal Federal. Ao todo, a cúpula do CNJ é formada por 17 integrantes, sendo 15 conselheiros.

Criado em 2004, o CNJ é o órgão responsável por regulamentar o recebimento dos penduricalhos que elevam os pagamentos aos magistrados, incluindo aos próprios conselheiros. Embora já tenha anunciado diversas ações para dar mais transparência aos vencimentos no Judiciário, nenhuma medida efetiva foi tomada até hoje para acabar com os supersalários no Poder.

A remuneração global desses integrantes do conselho inclui penduricalhos como auxílio-moradia, auxílio-alimentação, antecipação de 13º salário e outros benefícios. Eles também acumulam verbas recebidas por sua atuação no CNJ, o que eleva os vencimentos dos conselheiros.

Questionados pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, os integrantes do conselho que receberam acima do teto afirmaram que os vencimentos têm amparo legal. Parte deles não especificou, porém, que benefícios, de fato, recebe.

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