"Escritório do crime"

Suspeito de ligação a caso Marielle, 'capitão Adriano' morre em troca de tiros

Apontado como chefe da milícia 'Escritório do Crime', Adriano Magalhães da Nóbrega estava foragido desde janeiro do ano passado

Por Estadão Conteúdo
Publicado em 09 de fevereiro de 2020 | 17:16
 
 
 
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O ex-policial militar Adriano Magalhães da Nóbrega, conhecido como "capitão Adriano", foi morto em uma troca de tiros com a polícia na manhã deste domingo, 9, em Esplanada, no interior da Bahia. Foragido desde janeiro do ano passado, ele é apontado como chefe do "Escritório do Crime", milícia suspeita pela morte da vereadora do Rio Marielle Franco (PSOL) e seu motorista Anderson Gomes, assassinados em março de 2018.

Após receber informações que Nóbrega estava na Bahia, equipes do Serviço de Inteligência da polícia do Estado passaram a monitorá-lo. Há duas semanas, policiais fizeram uma busca em uma mansão na Costa do Sauípe, no litoral da Bahia, onde encontraram apenas documentos falsos. O miliciano teria fugido antes da chegada dos policiais. 

Neste domingo, segundo informações da Secretaria de Segurança Pública da Bahia, Nóbrega trocou tiros com os policiais. Baleado, ele foi socorrido em um hospital da região, mas não resistiu. Com o foragido foi encontrada uma pistola austríaca calibre 9mm.

"Buscamos efetuar a prisão, mas o procurado preferiu reagir atirando", afirmou o secretário da Segurança Pública da Bahia, Maurício Teles Barbosa. 

Apesar de ser suspeito de participar da morte de Marielle, "capitão Adriano" era procurado pela Justiça por causa de outro crime. Ele foi denunciado pelo Ministério Público por atuar com grilagem de terras; compra, venda e aluguel irregular de imóveis; cobrança irregular de taxas da população local; e extorsão e na receptação de mercadoria roubada em Rio das Pedras.

O Escritório do Crime, grupo que Adriano liderava, foi alvo da Operação Os Intocáveis, em janeiro de 2019, e de um desdobramento dela neste mês. Ele estava foragido desde essa primeira operação, há mais de 1 ano.

Queima de arquivo
Adriano estava convencido de que queriam matá-lo, não prendê-lo. Nos últimos dias, tanto ele quanto sua esposa relataram que tinham certeza de que havia um plano de “queima de arquivo” em curso contra o ex-policial militar. 

O ex-capitão do Bope nunca havia falado diretamente com seu advogado, Paulo Emilio Catta Preta, até a quarta-feira passada. Foi quando, preocupado com os últimos movimentos da polícia, ligou para ele e relatou que tinha “certeza” de que queriam matá-lo para “queimar arquivo”. A viúva do miliciano também fez o mesmo relato. 

PM do Rio atuou na operação
Dois policiais do Rio de Janeiro participaram da operação de busca a Adriano Nóbrega. Segundo fontes da polícia baiana, no entanto, os policiais fluminenses não participaram do confronto que culminou com a morte do capitão.

De acordo com essas fontes, a polícia da Bahia deu suporte à investigação que já vinha em curso há quase dois anos no Rio. As principais informações foram colhidas por policiais fluminenses que estavam no encalço de Nóbrega.

Ainda segundo fontes da polícia baiana, os responsáveis pela investigação no Rio estavam monitorando as movimentações de Adriano, descobriram que ele estava na Bahia e pediram a colaboração. A partir de então o setor de inteligência da polícia baiana passou a integrar a investigação descobrindo que ele havia fugido da Costa do Sauípe, onde estava com a família em um condomínio, e se escondido em uma fazenda em Esplanada, no interior do Estado. 

A polícia da Bahia vai investigar agora possíveis ligações políticas do dono da fazenda onde Adriano foi morto.

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