O fim de semana terminou sem um desfecho sobre o rompimento do talude da cava da mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais, na região Central, e a angústia dos moradores continua. A Vale havia divulgado a estimativa de que a estrutura entraria em colapso até dia 25 (último sábado), o que poderia afetar a estabilidade da barragem Sul Superior, provocando nova tragédia em Min Gerais. A parede não cedeu completamente, e a Agência Nacional de Mineração (ANM) já considera a possibilidade de o talude ser carreado lentamente para dentro da cava, sem rompimento de forma brusca, conforme disse ontem a O TEMPO uma fonte do órgão, sob condição de anonimato.
A velocidade de movimentação do talude continua aumentando e chegou ontem a 20 cm em pontos isolados. Anteontem, o valor máximo de distanciamento havia sido de 19 cm. Na parte inferior, a base do talude, a deformação chegou a 15,7 centímetros ontem. No início da semana passada, a medição apontava movimentação de 4 cm diários.
Segundo técnicos da ANM, ainda não é possível garantir que haverá um colapso de toda estrutura de uma vez: existe a possibilidade de a parede da cava ir cedendo aos poucos, carreando a terra para o buraco de forma gradual.
Aflição.
Sem saber o que vai de fato acontecer, moradores de Barão de Cocais reclamam do alarde feito pela Vale e questionam inclusive a necessidade de divulgação do problema. “O que a Vale está fazendo é uma exposição do povo de Barão de Cocais ao sofrimento. Estamos vivendo um holocausto minerário. Ficamos em dúvida até se todo esse alerta não está servindo de cortina de fumaça para blindar a empresa de outros problemas”, reclamou o aposentado Carlos Leal, 69, morador de Barão de Cocais.
Como não houve o rompimento do talude, as ações de segurança e acolhimento dos moradores estão mantidas e vão continuar seguindo o que estava proposto até anteontem. A Defesa Civil de Minas Gerais informou que continua trabalhando com a possibilidade de o pior cenário acontecer, que é o rompimento da barragem Sul Superior.
As famílias na área de autossalvamento já foram retiradas de casas. Agora, moradores que precisariam de uma evacuação de emergência em caso de rompimento teriam uma hora e 12 minutos para deixar suas casas em segurança, antes da chegada da lama.