Vaias foram motivadas por ação política, diz PT

O presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP), minimizou ontem as vaias recebidas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na abertura dos Jogos Pan-Americanos 2007 no Maracanã, na última sexta-feira. Berzoini disse que, no regime democrático, qualquer pessoa pode receber vaias ou elogios. "Nós não temos qualquer dificuldade de receber críticas quando elas são feitas, e receber apoios e aplausos".

Aliados de Lula atribuem as vaias ao que chamam de "orquestração política" articulada pelo prefeito do Rio de Janeiro, César Maia (DEM). Berzoini evitou citar nomes dos supostos responsáveis pelas vaias, mas disse não ter dúvidas de que foram motivadas por uma ação política. Segundo os aliados de Lula, o prefeito teria distribuído cerca de 100 mil ingressos para a abertura do Pan. Já a prefeitura negou a distribuição, informando que foram sorteados somente 300 convites.

O governador Sérgio Cabral disse ter achado estranhas as vaias direcionadas ao presidente. Sem citar nomes, Cabral afirmou que houve uma armadilha contra o presidente. Segundo o governador, as vaias partiram da parte à esquerda da tribuna, de um setor "muito bem localizado, que depois contaminou uma outra parte". O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que as vaias direcionadas ao presidente Lula indicam a necessidade de uma auto-avaliação por parte dele.

Fernando Henrique afirmou ainda que Lula precisa ter mais humildade, e não deve ser arrogante. "A gente sempre tem de estar se auto-avaliando, isso é importante em qualquer momento", sugeriu. "Talvez, um pouco de humildade ajude", completou. FHC disse não acreditar que a manifestação de desagrado tenha vindo de um grupo organizado, mas declarou que, "seguramente, os que estavam lá não estão muito felizes com o que está acontecendo".

Não ao Pan

Magoado com o episódio, Lula aproveitou seu programa semanal de rádio na manhã de ontem para afirmar que ficou muito "triste" com o episódio. "A vaia e o aplauso são dois momentos de reação do ser humano. A única coisa que eu, particularmente, fico triste é que eu fui preparado para uma festa", desabafou Lula.

Com todo o cuidado para não parecer reação às vaias dadas ao presidente no Maracanã, a assessoria do Palácio do Planalto informou ontem que não há qualquer previsão de volta do presidente Lula ao Rio de Janeiro para participar das festas de encerramento dos Jogos Pan-Americanos. "O presidente Lula se preparou para a festa de abertura, mas não para o encerramento, quando a maioria dos atletas já terá ido embora", disse um assessor do Palácio do Planalto. (Com agências)