O veto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) à inclusão de 81 municípios mineiros na área de atuação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) provocou a reação de políticos do Estado.
O governador Romeu Zema (Novo) se manifestou em uma publicação no Twitter. "Lamento a decisão do Governo Federal de não inclusão do Leste de Minas na área da Sudene. Continuarei trabalhando em conjunto com os parlamentares de Minas para que as cidades recebam os recursos necessários ao atendimento dos mineiro", postou o mandatário.
O presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, deputado Agostinho Patrus (PV), foi ainda mais incisivo. Em suas redes sociais, marcou nominalmente o ministro da Economia, Paulo Guedes, já que partiu do ministério o parecer pelo veto.
Também marcou o senador Carlos Viana (PSD/MG), vice-líder do governo no Senado, que foi relator do texto. "Paulo Guedes mais uma vez prova sua insensibilidade com os pobres do país. Dessa vez, o ministro atuou contra Minas Gerais. Em uma manobra dele, foi vetado projeto aprovado no Senado Federal, com relatoria do Carlos Viana, que ajudaria a reduzir desigualdades no nosso Estado", publicou Patrus no Twitter.
O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD/MG), compartilhou uma publicação do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD/MG), em que demonstra seu apoio ao senador. Pacheco escreveu: "Lamento que o Ministério da Economia, alheio à realidade das cidades brasileiras e com a costumeira insensibilidade social, tenha criado obstáculos técnicos inexistentes para levar o presidente Bolsonaro a vetar um dos principais projetos de desenvolvimento de Minas Gerais: a inclusão justa de municípios na área da Sudene. Uma grande frustração aos mineiros. Continuarei, junto com toda a bancada mineira, trabalhando para viabilizar o projeto". Já o prefeito Kalil, postou: “Conte com a minha solidariedade, presidente Rodrigo Pacheco”.
Bancada mineira
O deputado federal Fábio Ramalho (MDB/MG), que atuou pela aprovação da proposta no Congresso, a decisão do presidente foi inesperada e a bancada já se articula para a derrubada do veto. "Nós vamos trabalhar para que esse veto seja derrubado na Câmara e no Senado porque é uma região que merece e, temos certeza que dentro da Câmara e do Senado, a gente vai vencer e derrubar esse veto", disse.
Ele também rebateu as justificativas econômicas apresentadas pelo Ministério da Economia para o veto do projeto. "Essa questão de inviabilidade econômica não atrapalha nada. O número de empregos que vai gerar vai dar dignidade às pessoas que moram na região", afirmou.
Já deputado Hercílio Coelho Diniz (MDB/MG) disse que até terça-feira (22) não havia qualquer indicativo de que o texto aprovado na Câmara e no Senado seria vetado. Ele é de Governador Valadares, cidade no Vale do Rio Doce que seria incluída na Sudene a partir do projeto. "A gente sabia que tinha um parecer contrário do Ministério da Economia. Mas, a gente sabia também que tinha um parecer bem rico do Ministério do Desenvolvimento Regional apoiando e aprovando o projeto e, de maneira surpreendente, nós tivemos essa notícia e essa decepção", contou.
Na mesma linha, o deputado Aécio Neves (PSDB/MG) considerou a decisão do presidente como "equivocada". "O veto do presidente da República à inclusão dos municípios mineiros à Sudene é uma decisão equivocada. Vamos trabalhar pela derrubada do veto, respeitando a decisão aprovada pelo Congresso. A inclusão desses municípios na Sudene é uma justa reivindicação pela qual lutamos ao longo de anos. São cidades em que as pessoas vivem as mesmas dificuldades sociais e econômicas da região do Nordeste. Tenho certeza de que contaremos novamente com o apoio necessário de deputados e senadores."
O deputado Rogério Correia (PT) também criticou a decisão. "Os municípios que estão na área da Sudene, incluídos agora na lei, são municípios que realmente tem características para estarem na Superintendência: escassez hídrica, desenvolvimento menor, falta de recursos para que possam ser ajudados em plantio e nas suas dificuldades em geral", disse. Em seguida, complementou: “O veto do presidente Bolsonaro é mais um desprezo com Minas Gerais, com os pobres”.
Empresariado e associações
Além dos parlamentares, empresários da região do Vale do Rio Doce também já estão se movimentando. Segundo o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Governador Valadares (ACEGV), Jackson Sousa Lemos, a decisão foi recebida com surpresa e, juntamente, com deputados e senadores da bancada mineira, já está sendo articulada a derrubada do veto.
Ele também reafirmou a posição de alguns políticos de que as justificativas para o veto não procedem. "Ao longo dos 15 dias que o presidente tinha para sancionar, o presidente deu a entender que ia sancionar. E o Ministério da Economia, no apagar das luzes, trouxe esse parecer desfavorável, inclusive, com alguns argumentos muitos falhos, dizendo que vai impactar no Orçamento, o que não é verdade", disse.
Já a Associação Mineira de Municípios (AMM) manifestou repúdio ao veto e classificou "tal injustiça" como um reflexo da "total insensibilidade social contra uma luta histórica por justiça socioeconômica dos municípios em comento, que necessitam de urgente apoio para o desenvolvimento sustentável da região".
Mas, o presidente da entidade, Julvan Lacerda, se disse confiante na atuação do Congresso para reverter a decisão. "Confiamos agora na representatividade do Congresso Nacional na derrubada do veto, restabelecendo uma justiça social até então consolidada pelos representantes do povo brasileiro".
Atualizada às 18h20