Eleições 2022

Zema afirma que não é mais 'calouro' na política e acusa ALMG de ‘sabotagem’

Segundo o governador, em um eventual segundo mandato, ele não pretende mais ser 'sabotado' pelo presidente da Assembleia, Agostinho Patrus

Por Letícia Fontes
Publicado em 22 de agosto de 2022 | 19:21
 
 
 
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Após quase quatro anos de uma relação conturbada com a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o governador Romeu Zema (Novo), candidato à reeleição, afirmou, nesta segunda-feira (22), que não é mais "calouro" na política e garantiu que depois de três anos e oito meses de gestão aprendeu não ser mais "descuidado com o legislativo".

Em entrevista ao podcast “Frango com Quiabo”, do portal G1, Zema atribuiu suas derrotas na ALMG ao que chama de "sabotagem" do presidente da casa, o deputado estadual Agostinho Patrus (PSD). Sem uma ampla base de apoio e com problemas na articulação, no último ano, o governo do Estado aprovou apenas oito dos 21 projetos enviados ao Legislativo e teve um ano marcado por atritos com os deputados. No seu primeiro cargo elegível, o governador foi alvo de duas Comissões Parlamentar de Inquérito (CPIs) e enfrentou dificuldades em todos os projetos importantes que tramitaram.  

Segundo Zema, diferentemente de sua primeira eleição, em que não contava com o apoio de outros partidos, neste ano, ele já considera ter o apoio de mais de 80% dos prefeitos no Estado. "Na minha última eleição eu voei sozinho (...) nessa eleição agora já trabalhamos com blocos de partidos políticos, vamos eleger um número superior aos 3 candidatos (das últimas eleições), talvez 42% dos candidatos do nosso bloco vamos eleger. Isso vai tornar as coisas diferentes", acredita o governador, que espera em um possível segundo mandato participar ativamente das votações da Assembleia, participando, inclusive, da votação do presidente da casa.

"Agora vamos acompanhar e queremos participar da eleição para presidente da Assembleia. As pessoas aproveitaram por desconhecimento nosso. Não sou mais calouro, estou no último ano da faculdade", afirmou Zema.

Segundo o governador, seu governo foi alvo de "sabotagem" por parte de alguns candidatos. Como exemplo ele cita a pauta do Regime de Recuperação Fiscal (RRF). Em tramitação desde 2019 na Assembleia Legislativa, o projeto de lei não tramitou por nenhuma comissão. Em maio, o governo de Minas pediu urgência para análise da matéria, que seguiu sem ser apreciada pelos deputados e, desde junho, tranca a pauta na Casa. No último mês, o Supremo Tribunal Federal decidiu que o governo de Minas pode dar sequência ao RRF diretamente com o Ministério da Economia.

"Hoje, nós temos em Minas um regime de funcionalismo desenhado na década de 50, carece modernização. Queremos modernizar, mas nesse primeiro mandato nós tivemos, principalmente, por parte do presidente da ALMG uma sabotagem. Tudo que poderia ser feito para o Estado avançar, ficou engavetado. Ele (Agostinho) não deu oportunidade dos deputados votarem. Com um ambiente político assim fica difícil", confessou.

O plano é visto por Zema como uma alternativa para a renegociação de dívidas com a União. O projeto prevê que os débitos do Estado, que ultrapassam a cifra de R$ 150 bilhões, sejam quitados em 30 anos, e envolve artifícios como teto de gastos e privatização de empresas estatais.

Impasses com a ALMG

Além do Regime de Recuperação Fiscal, o cenário de dificuldade na articulação do governo com a Assembleia foi evidenciado ainda mais no fim do último ano legislativo, com o governo recorrendo à Justiça contra o projeto aprovado pela ALMG, que congelou o IPVA 2022 aos moldes de 2021 e recorrentes troca de farpas entre Zema e o presidente da ALMG, Agostinho Patrus.

Em resposta as acusações, o deputado rebateu o governador e afirmou que a relação do Zema com a Assembleia Legislativa "foi a pior possível".

O parlamentar ainda acusou o candidato do partido Novo de distruir R$ 300 milhões “em emendas secretas” a 12 deputados ligados a Igor Eto, Mateus Simões e Marcelo Aro, “desrespeitando os outros 65 deputados”

“Isso é um atestado de analfabetismo político. Ele interferiu nos trabalhos do Poder Legislativo de uma forma perversa e a inteligência dele nem se apercebe disso. Zema terceiriza sempre a culpa e não vê que ele é um grande desastre como gestor público”, afirmou Agostinho. 

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