O Brasil está mergulhado na mais completa incerteza de seu destino político. A cinco meses das eleições – nas quais serão eleitos o presidente da República, os governadores dos Estados, dois terços do Senado, 513 deputados federais, os deputados estaduais de todos os Estados da Federação, enfim, todo o corpo Executivo e Legislativo do país, exceto os prefeitos e vereadores –, ainda nos debatemos com questões que resumem tal processo a decisões e sentenças judiciais e a prontuários policiais. Triste realidade de um país em que o protagonismo político está sendo exercido pelo Judiciário, formado por um Supremo de questionável reputação e tribunais que legislam diante da omissão de Legislativos errantes, vazios de ideias e subalternos a interesses menores.
Já fomos um país operador de uma economia que esteve entre as seis maiores do mundo. A começar por nosso quadro econômico, não enxergamos quaisquer perspectivas de mudança; o agronegócio, por exemplo, compra seus insumos em dólar, pagando com real, e vende sua produção em dólar, comprando um real desvalorizado. Porém, essas não são as maiores dificuldades de um setor que ajudou a sustentar positivamente nossa balança comercial, gerou emprego, promoveu a circulação de renda como consequência de seu trabalho. Em Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás, Estados onde viceja o agronegócio, a produção, com seus custos já comprometidos pela falta de infraestrutura de transporte e energia, convive também com a ameaça de índios cobrando pedágios, invadindo terras, matando criações, sempre amparados por uma equivocada e despreparada Funai, que nada mais faz senão espalhar ilusões e proteger interesses de madeireiros e grileiros.
No resto do país, os sem-terra, cujo espectro de atuação vem se reduzindo diante da falta de recursos que o PT lhes facilitava irrigando seus movimentos, ainda incomoda, e muito. “Acabou a grana”, diz o prático Stédile, que não mais consegue colocar seu “exército” nas ruas apenas com sanduíche de mortadela e medalhas da Inconfidência. O mesmo acontece com os sindicatos de empregados, CUT, Força Sindical e outras siglas. A esperança de quem produz é a de que, tendo secado a fonte da contribuição sindical, reivindicações desconectadas da realidade cessem.
Mas, voltando às eleições: pesquisas realizadas, não se sabe com que critérios e plano amostral, indicam os nomes de Lula e Bolsonaro como líderes da disputa presidencial. O primeiro está preso na Polícia Federal, sem possibilidade de mudança dessa condição pelos próximos 12 anos, impedido de disputar eleições como qualquer presidiário comum. Bolsonaro, sem exagero, é um imbecil no mais imediato entendimento do termo. Cospe asneiras e apenas chega à periferia dos problemas para tentar discuti-los. Os demais candidatos, aí se incluindo a figura insossa de Marina Silva e o destemperado Ciro Gomes, completam o grupo de arrancada daqueles que querem governar, não se sabe com que projetos, um país com os problemas que temos.
Falamos a mesma língua, temos riquezas naturais em abundância e ainda inexploradas, um povo cordato, mas carente, em seu maior contingente, de medidas transformadoras de sua condição social e que não o deixem refém de nossas desigualdades. Infelizmente, não percebemos que as soluções dessas mazelas são dependentes de nossas escolhas. Nada mudaremos se continuarmos elegendo parasitas, ladrões, corruptos, analfabetos, idiotas, bravateiros, vagabundos, falsários, palhaços e tipos similares.
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