Ato devastador
Um pedido de impeachment é o pior dos pesadelos para um candidato à reeleição a cinco meses da decisão nas urnas. Agora, diante dessa situação, Pimentel terá que desviar energias para lutar pelo cargo, com perdas para a sua campanha. Ao acatar o pedido, o presidente da ALMG, Adalclever Lopes, fez um gesto para destruir a candidatura do governador petista. O que vai acontecer ninguém sabe, mas as relações entre os dois já eram.
Dois desfechos
Os dois casos mais recentes de impeachment por razões de natureza fiscal tiveram desfechos totalmente distintos. No caso de Dilma, a fragilidade da base governista e as manifestações gigantescas nas ruas do país levaram à destituição do cargo; já, no caso de Marcio Lacerda, que veio logo depois e não mobilizou a opinião pública, a PBH reconquistou o apoio dos vereadores e matou no peito a ação.
Duro na queda
Interlocutores do governo mostravam ontem confiança no segundo desfecho, à la Lacerda. Lembraram que Pimentel já sofreu duas tentativas de ‘golpe’, sendo “uma do vice-governador e outra no judiciário”, e conseguiu vencer em ambas.
O triplex e a verdade
No Brasil tomado por radicalismos políticos, ficou difícil achar a verdade; é como se ela se escondesse num labirinto. E o triplex do Guarujá é bom exemplo disso. A ação que condenou Lula à cadeia se fundamenta em notas fiscais que comprovam uma reforma oferecida pela OAS ao ex-presidente: R$ 770 mil em obras que incluem instalação de um elevador, R$ 19 mil em eletrodomésticos e R$ 320 mil em mobiliário, totalizando R$ 1,1 milhão e uns trocados. De repente, neste mês, começaram a aparecer imagens do interior do imóvel. E aí veio a surpresa: cadê os serviços? As notas fiscais não batem com as fotos. Não se vê a reforma milionária. O que aconteceu?
Apagão de imagens
Tomem-se os eletrodomésticos: as imagens do imóvel mostram apenas três aparelhos que não custam nas lojas nem um terço da quantia registrada no processo. O mobiliário restrito a armários e camas também não custa mais que fração do contabilizado. A reforma foi superfaturada como tantos contratos investigados? Ou móveis e aparelhos foram retirados para outro local? Quem tentar descobrir a resposta e resolver a divergência entre as notas e as fotos pode se dar tão mal quanto a coluna, que gastou horas em pesquisa e não achou registros antigos do imóvel para comparação com os atuais. Por incrível que pareça, todas as imagens internas do triplex obtidas na internet são recentíssimas, de abril de 2018.
Comeu mosca
Aparentemente, o juiz Sérgio Moro considerou suficientes as notas fiscais e testemunhos para formar sua convicção sobre a culpa de Lula e não se preocupou em verificar os serviços ou apurar o eventual sumiço de bens. Até onde sabe a única perícia que ele ordenou foi agora, em fevereiro, para o leilão do imóvel. O descuido pode custar caro: a divergência entre notas e serviços aumenta para além do razoável as dúvidas do processo que já é provavelmente o mais controverso da história do judiciário.
Autocrítica
Não só o juiz cochilou no caso triplex. A imprensa também. O imóvel é investigado há mais de três anos e somente agora, no começo de abril, um dos principais portais de notícias do país postou as primeiras imagens do interior. Depois saíram as fotos da ocupação do imóvel pelo grupo de Boulos. Antes, só se tinha publicadas imagens de áreas externas e coletivas. Ninguém foi lá conferir o imóvel mais falado do país.
Tâmara Dias, Ivair Lopes e Kelly Duarte em pose para a coluna
Números reais
Em fevereiro, segundo dados do Portal Transparência, 6.096 servidores da PBH receberam como professor de educação infantil, 107 deles lotados em cargos de diretor, vice, secretário e supervisor. O valor total pago foi de R$11.879.319,48, com média salarial de R$1.948,71 para os professores e de R$ 4.810,98 para o grupo menor. O leitor Paulo Márcio Rodrigues de Assis fez a pesquisa para dirimir a divergência sobre os salários da turma que está em greve e dando a maior dor de cabeça ao prefeito Kalil.