Governo nas cordas
O que estava ruim ficou pior. As receitas de ICMS desabaram em junho, refletindo impactos da greve dos caminhoneiros no mês anterior. O Estado recolheu R$ 500 milhões a menos. O que reduziu os repasses aos municípios mineiros em R$ 160 milhões (R$ 15 milhões apenas de Belo Horizonte). A forte baixa na arrecadação explica o atraso maior dos salários de servidores e a recente reaproximação entre Fernando Pimentel e MDB. Com a maior bancada e o comando da ALMG, os emedebistas têm papel crucial na construção de alternativas para aliviar o caixa no curto prazo. E tirar o governo das cordas.
Saída é política
O ICMS deve subir neste mês, já sem os efeitos do “caminhonaço”. Mas, na avaliação de auditores fiscais, a arrecadação não voltará ao nível de antes. A economia está rodando mais lenta neste semestre, o que se reflete nos impostos. Para o governo Pimentel regularizar os salários até a eleição (ou pelo menos evitar atrasos maiores), só mesmo obtendo verba com novas receitas de operações extraordinárias como o empréstimo de R$ 2 bilhões com garantias da Codemig. O governo tem amparo legal para fazer a operação sem a ALMG. Mas, os bancos procurados vêm exigindo aval legislativo para maior segurança jurídica. No frigir dos ovos, a saída é sempre política.
Servidor primeiro
A urgência financeira e a pressão dos servidores estão angariando apoios e abrandando resistências, no PT e no governo, à retomada da aliança com o MDB. Os petistas sabem que essa aliança é incongruente com a narrativa do golpe que adotaram após o impeachment. Mas, hoje não dispõem de nenhuma opção sem risco. É transigir no discurso, desagradando o eleitor ideológico, ou chegar às urnas com salários muito atrasados, para fúria do funcionalismo. Aparentemente, Pimentel e os petistas próximos já optaram por botar os servidores à frente do discurso.
É o cara
O deputado emedebista João Magalhães é tido como o grande articulador da reaproximação entre MDB e PT, a qual já começou a dar frutos na ALMG com a aprovação unânime do petista Durval Ângelo para o TCE.
Tomando pé
Dilma Rousseff está sendo esperada hoje em BH para uma reunião interna de sua campanha ao Senado, a primeira. Ela ainda não botou a cara na rua. Acredita-se que irá definir uma agenda de eventos no Estado. Isso depois de se inteirar das contingências financeiras, políticas e eleitorais do governo Pimentel. A ex-presidente estava em Cuba e anda por fora das novidades, inclusive da possível aliança do PT com o MDB que a impichou.
Dá seu recado
A presidenciável Manuela D’Ávila (PCdoB) mostrou prestígio junto à militância comunista ao participar, na última segunda-feira, do lançamento da candidatura de Wadson Ribeiro, presidente e principal nome do partido no Estado para a Câmara Federal. O desempenho de Manuela, embora ínfimo nas pesquisas, está sendo uma boa surpresa para o PCdoB. Ela se tornou a mais influente no Twitter e tem aceitação crescente entre os jovens até 24 anos. Seja pelas camisas descoladas com mensagens pessoais, seja pelo ativismo nas redes ou pela mensagem social, Manuela vai passando uma imagem simpática, jovial e moderna do partido quase centenário.
Sob pressão
Voltou com força nos bastidores políticos a pressão para Rodrigo Pacheco se retirar da disputa do governo e apoiar Anastasia no primeiro turno. Já tem fonte ligada ao senador tucano dando como certa e iminente a saída do candidato do DEM. O que não é confirmado pela equipe democrata.
Davi e Golias
As diferenças de estrutura política e capacidade de articulação entre as campanhas de Anastasia e Pacheco são enormes e gritantes. Na última terça-feira, o tucano reuniu 40 prefeitos e umas 500 pessoas em Pouso Alegre enquanto o democrata juntava três prefeitos e pouco mais de 50 presenças em Iturama. O ex-governador tem um exército a ajudá-lo em eventos no interior; o deputado conta basicamente com os colegas Luiz Fernando Faria e Luiz Tibé e com o prefeito de Uberlândia, Odelmo Leão.