A proximidade do fim do ano parece trazer uma sensação de exaustão? Acredite, isso não é um “surto coletivo” entre colegas de trabalho ou amigos. Esse sentimento de cansaço mais intenso do que o habitual, especificamente nesta época do ano, é real e tem explicação, segundo especialistas.
De acordo com a psiquiatra Cíntia Braga, isso pode ser explicado por diversos fatores. “Em primeiro lugar, o ano é percebido como um ciclo completo de esforço e produtividade, e, conforme nos aproximamos do seu término, o corpo e a mente se preparam para a pausa. Esse efeito de antecipação pode intensificar a sensação de fadiga”, diz.
Além disso, a médica pontua que, ao longo do ano, acumulam-se estressores, tanto pequenos quanto grandes, que, muitas vezes, não são totalmente processados. “No fim do ano, com o aumento das demandas de trabalho, responsabilidades e eventos sociais, o cansaço acumulado vem à tona”, comenta.
Outro fator que contribui para um cansaço ainda maior no período é a pressão por resultados que acontece em diversos setores de trabalho. É comum empresas estarem trabalhando com fechamento de metas, por exemplo. No comércio varejista, há ainda a preocupação com as vendas de Black Friday e Natal. Segundo Cíntia, essa pressão “adiciona uma camada extra de estresse, tornando o período ainda mais exaustivo”.
É possível evitar esse cansaço?
Para a especialista, existem algumas estratégias que podem ajudar a minimizar essa sensação de cansaço no fim do ano. “Uma das principais é o planejamento ao longo do ano, evitando deixar tarefas e compromissos importantes para os últimos meses”, exemplifica.
Ela lembra que pausas regulares durante o dia também são essenciais. “[As pausas] ajudam a evitar o acúmulo de estresse e permitem que a mente e o corpo tenham pequenos períodos de recuperação”, explica.
Outra forma de minimizar o cansaço é fazer exercícios físicos leves e atividades ao ar livre. Segundo Cíntia, eles “auxiliam na liberação de neurotransmissores como endorfina e dopamina, que estão ligados ao bem-estar e à redução da fadiga. Expor-se ao sol sempre que possível é uma forma simples de aumentar a produção de vitamina D e melhorar o humor”, sugere.
Cada atividade laboral demanda um tipo de relaxamento
Ainda conforme a psiquiatra, adaptar as atividades de descanso ao tipo de trabalho realizado pode ser uma estratégia interessante. “É uma forma eficiente de relaxar e recuperar a energia ao longo do ano, especialmente neste período mais desafiador que é o fim do ano”, afirma.
Profissionais que lidam com atendimento ao público, por exemplo, como é o caso de vendedores de loja ou atendentes de telemarketing, têm contato constante com outras pessoas e alta demanda de interação. “Nesse caso, o ideal é buscar momentos de introspecção e atividades que proporcionem isolamento e descanso mental, como caminhadas ao ar livre, leitura de um bom livro ou mesmo um passeio tranquilo em um parque”, propõe Cíntia Braga.
“Já para quem trabalha em home office e passa a maior parte do tempo em isolamento, atividades que envolvem contato social podem ser mais relaxantes e ajudar a quebrar a rotina, como encontros com amigos, jantares em grupo ou atividades ao ar livre com companhia”, aponta a especialista.
No caso de profissionais envolvidos em processos criativos, como designers, a especialista sugere atividades que promovam inspiração e relaxamento ao mesmo tempo, como visitas a museus, práticas de hobbies artísticos ou caminhadas em ambientes novos.
“Já os trabalhadores em cargos de alta responsabilidade, como gerentes e líderes, podem se beneficiar de práticas de meditação e mindfulness, que ajudam a reduzir o estresse e a sobrecarga mental”, diz.