“Temos que alertar a população sobre o baixo índice de vacinação. Imunização é fundamental para evitar doenças respiratórias que possam acabar evoluindo para uma pneumonia”. O alerta de Daniel Bretas, pneumologista e presidente da Sociedade Mineira de Pneumologia e Cirurgia Torácica, se baseia na baixa procura por imunizantes que possam impedir o desenvolvimento de doenças como gripe e Covid-19. 

Em 2024, por exemplo, até 7 de julho, apenas 51,50% do público-alvo – gestantes, idosos, puérperas, crianças de 6 meses a 6 anos, indígenas, quilombolas, trabalhadores da saúde, professores, entre outros – da campanha de imunização contra a influenza, iniciada em 25 de março, havia sido vacinado em Minas Gerais. O dado é da própria Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG). A meta é que 90% das pessoas recebam a dose. Em 2023 a cobertura foi de 68,8% desse público.

Os números da vacina contra a Covid-19 também estão abaixo do desejado. Com uma população de 20,3 milhões de pessoas, Minas Gerais atingiu 87,51% da cobertura vacinal com duas doses, 57,11% com três doses e 20,41% com quatro doses. Além disso, a cobertura vacinal com a bivalente está em apenas 23,42%.

A SES-MG também observa com preocupação a baixa cobertura vacinal, conforme explica Josiane Ribeiro, coordenadora de imunização do órgão. “É extremamente importante reforçar a vacinação contra a influenza e a Covid-19. É uma forma de evitar uma internação grave ou até mesmo o óbito. Ainda estamos muito abaixo dos 90% indicados pelo Ministério da Saúde. Mas, além de divulgar os números, nós queremos divulgar a importância de cada um criar consciência e fazer sua parte. As vacinas são distribuídas de forma gratuita e são seguras. Elas salvam não só a sua vida, mas a de outras pessoas”, afirma Josiane Ribeiro.

Para Daniel Bretas, há muitas explicações para a baixa cobertura vacinal, mas uma delas se intensificou de 2020 em diante, com a chegada da pandemia de Covid-19. “Existem muitos fatores para as pessoas não se vacinarem, mas sem dúvida as fake news propagadas durante a pandemia é um dos principais”, disse o especialista.

“Muitos ainda acreditam que não vão evoluir para um caso mais grave, caso peguem alguma doença respiratória, e não percebem o risco que estão correndo. Acham que vai ser apenas uma gripe leve. Isso é perigoso”, completa Josiane Ribeiro.

Vacinas disponíveis no Estado

Com a chegada do inverno, o Estado de Minas Gerais está promovendo a vacinação contra a gripe e reforçando a importância de outras vacinas, que são: pneumocócica (contra a bactéria Streptococcus pneumoniae), contra o Haemophilus influenzae tipo b (Hib), contra a Covid-19 e contra os vírus causadores de sarampo e varicela, em casos de circulação epidêmica.

Vacinas contra a pneumonia

São disponibilizadas pelo Ministério da Saúde, por meio do Departamento do Programa Nacional de Imunizações - DPNI, vacinas contra a pneumonia, conforme as indicações abaixo:

Na rotina conforme a Instrução Normativa do Calendário Nacional de Vacinação:

Vacina pneumocócica 10-valente (conjugada) – Pneumo 10v 

Recomendada para a administração de 2 (duas) doses aos 2 (dois) e 4 (quatro) meses de idade, com intervalo de 60 dias entre as doses, mínimo de 30 dias.
Reforço: Administrar 1 (um) reforço aos 12 meses de idade.

Vacina pneumocócica polissacarídica 23-valente – Pneumo 23v

Rotina de vacinação dos povos indígenas: Administrar 1 (uma) dose em todos os indígenas a partir de 5 (cinco) anos de idade sem comprovação vacinal com as vacinas pneumocócicas conjugadas. Administrar 1 (uma) dose de reforço, uma única vez, respeitando o intervalo mínimo de 5 (cinco) anos da dose inicial.

Rotina de vacinação de pessoas de 60 anos e mais em condições especiais: Administrar 1 (uma) dose a partir de 60 anos, para idosos não vacinados que vivem acamados e/ou institucionalizados (como casas geriátricas, hospitais, unidades de acolhimento/asilos e casas de repouso). Administrar 1 (uma) dose de reforço, uma única vez, respeitando o intervalo mínimo de 5 (cinco) anos da dose inicial.

Por meio do Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais - CRIE

Vacina pneumocócica conjugada 13-valente
A vacina VPC13 seguida da vacina VPP 23 está indicada nas seguintes condições:

1. Pessoas vivendo com HIV/aids. 
2. Pacientes oncológicos com doença em atividade ou até alta médica. 
3. Transplantados de órgãos sólidos. 
4. Transplantados de células-tronco hematopoiéticas (TCTH).
5. Asplenia anatômica ou funcional e doenças relacionadas. 
6. Imunodeficiências primárias ou erro inato da imunidade. 
7. Fibrose cística (mucoviscidade). 
8. Fístula liquórica e derivação ventrículo peritoneal (DVP).


Vacina pneumocócica 23-valente
A vacina VPP 23 está indicada para crianças a partir de 5 anos de idade, adolescentes e adultos, segundo as situações de risco enumeradas abaixo:

9. Imunodeficiência devido à imunodepressão terapêutica. 
10. Implante coclear. 
11. Nefropatias crônicas/hemodiálise/síndrome nefrótica. 
12. Pneumopatias crônicas, exceto asma intermitente ou persistente leve. 
13. Asma persistente moderada ou grave. 
14. Cardiopatias crônicas.
15. Hepatopatias crônicas. 
16. Doenças neurológicas crônicas incapacitantes. 
17. Trissomias. 
18. Diabetes. 
19. Doenças de depósito.

Vacimóvel nos municípios

Uma das medidas tomadas pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais para ampliar a cobertura vacinal foi a aprovação do projeto Vacimóvel, que repassou R$ 100,6 milhões para municípios com mais de 50 mil habitantes adquirirem uma van adaptada como um pequeno centro de vacinação itinerante para levar as doses até as pessoas.

Cobertura vacinal em Minas Gerais

Cobertura vacinal em Minas Gerais
Editoria de Arte / O Tempo