A diálise, procedimento artificial que remove resíduos e água em excesso do sangue, é um dos tratamentos mais comuns para pacientes com doença renal crônica (DRC). A hemodiálise e a diálise peritoneal são modalidades da diálise, que auxiliam os rins a realizarem suas funções de forma adequada. No entanto, existem diferenças significativas entre as duas formas de terapia renal substitutiva.
Na hemodiálise, o tratamento é realizado em centros especializados, geralmente três vezes por semana; o sangue do paciente é filtrado fora do corpo, por meio de uma máquina; é necessário fazer uma conexão artificial entre uma artéria e uma veia e a pessoa precisa de acompanhamento de profissionais de saúde, como nefrologistas, nutricionistas e enfermeiros.
Já na diálise peritoneal, o procedimento é feito diariamente em casa, utilizando um cateter e bolsas de solução; é realizado dentro do corpo do paciente, utilizando o peritônio - que reveste os órgãos abdominais – como filtro; e é considerado mais suave para os vasos sanguíneos do que a hemodiálise. A escolha entre os dois tipos de tratamento depende do estado clínico do paciente, da opinião dos médicos e da própria pessoa.
“Uma das grandes vantagens da diálise peritoneal é que ela pode ser realizada em casa, oferecendo mais conforto e qualidade de vida ao paciente, sempre com acompanhamento multidisciplinar e treinamentos para garantir a segurança e eficácia do tratamento,” explica a presidente da Federação Nacional das Associações de Pacientes Renais e Transplantados do Brasil (Fenapar), Maria de Lourdes da Silva Alves.
De acordo com a federação, apesar dos inúmeros benefícios oferecidos, como mais autonomia, liberdade e melhor qualidade de saúde emocional, a diálise peritoneal domiciliar enfrenta diversas adversidades para ser adotada. A baixa oferta na rede pública de saúde e o pouco conhecimento da população são alguns dos obstáculos.
Dados do Censo de Diálise 2023 da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) mostram que, dos 120 mil pacientes de DRC do Sistema Único de Saúde (SUS), 96,6% realizavam hemodiálise em clínicas de diálise que estão presentes em menos de 10% dos municípios brasileiros. Apenas 3,4% desses pacientes estavam sendo tratados por diálise peritoneal domiciliar (pouco mais de 4 mil indivíduos).
Manifesto
Diante desse cenário e da ausência de vagas na hemodiálise, a Fenapar, com o apoio da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), encaminhou um manifesto ao Ministério da Saúde para ampliação do número de pacientes renais crônicos atendidos pela diálise peritoneal.
“É necessária uma urgente revisão da tabela de remuneração do SUS e da forma de financiamento atual para aumentar o orçamento destinado à diálise peritoneal domiciliar, assegurando os recursos necessários e que cubram efetivamente os custos reais do tratamento para os centros dialíticos que oferecem a modalidade,” afirma a presidente da Fenapar. Doenças Renais Crônicas (DRC)
Conforme o Ministério da Saúde, DRC é um termo geral para alterações heterogêneas que afetam tanto a estrutura quanto a função renal, com múltiplas causas e múltiplos fatores de risco. Trata-se de uma doença de curso prolongado, que pode parecer benigno, mas que muitas vezes torna-se grave e que na maior parte do tempo tem evolução assintomática. Estima-se que cerca de 10% da população seja afetada pela condição. Mas como ela nem sempre apresenta sinais, poucos pacientes possuem o diagnóstico.
Importância dos rins
Os rins são fundamentais no funcionamento do corpo. Eles filtram o sangue e auxiliam na eliminação de toxinas do organismo. A principal função do órgão é remover os resíduos e o excesso de água do organismo. A Doença Crônica Renal leva a uma redução dessa capacidade, por pelo menos três meses, e é classificada em seis estágios, conforme a perda renal. O funcionamento adequado dos rins é fundamental para o organismo se manter vivo e funcionando. As principais funções renais são:
- Excreção de produtos finais de diversos metabolismos;
- Produção de hormônios;
- Controle do equilíbrio hidroeletrolítico;
- Controle do metabolismo ácido-básico;
- Controle da pressão arterial.