O ex-presidente uruguaio José Mujica está na fase "terminal" de um câncer de esôfago e recebe cuidados paliativos para aliviar a dor. Embora o político receba a assistência já em fase final da doença, esse tipo de cuidado não está presente apenas em casos como o do ex-presidente, podendo ser implementado desde o diagnóstico inicial de doenças graves.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, os cuidados paliativos consistem “na assistência promovida por uma equipe multidisciplinar, que visa à melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, por meio de identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais".
Como funcionam os cuidados paliativos?
A implementação deste tipo de assistência ocorre quando um paciente recebe diagnóstico de doença crônica grave. Neste momento, além da equipe especializada na enfermidade, profissionais de cuidados paliativos iniciam o acompanhamento do paciente e seus familiares.
O diagnóstico de uma doença grave frequentemente traz questões que vão além dos sintomas físicos. Surgem preocupações sociais, psicológicas e espirituais, como o medo da morte, a apreensão em deixar a família desamparada, conflitos do passado e problemas práticos como o afastamento do trabalho. Por isso, como explica a Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP), as equipes de cuidados paliativos são compostas por diversos especialistas, incluindo médicos paliativistas, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, terapeutas ocupacionais, capelães e assistentes sociais.
Um aspecto central desta prática é o reconhecimento de que uma doença grave afeta não apenas o paciente, mas também seus familiares e amigos, estendendo o cuidado a todos os envolvidos.
Vale reiterar que esse tipo de assistência médica pode ser implementada desde o início do diagnóstico. Um paciente com câncer, por exemplo, pode ser acompanhado pelo oncologista para o tratamento específico da doença, enquanto recebe apoio da equipe de paliativistas. Da mesma forma, uma criança com paralisia cerebral pode ser assistida por um neurologista, enquanto os cuidados paliativos ajudam a amenizar problemas decorrentes da menor mobilidade.
A equipe permanece com o paciente e sua família em todas as etapas da doença, independentemente de sua evolução.