Uma vacina de imunoterapia experimental, denominada "ELI-002 2P", demonstrou capacidade de prolongar significativamente a sobrevida de pacientes com cânceres de pâncreas e intestino. Os resultados foram publicados na revista científica "Nature Medicine". O tratamento atua contra mutações no gene KRAS, presentes em aproximadamente 90% dos tumores pancreáticos e 50% dos colorretais.

Pacientes que receberam a vacina após cirurgia para remoção de tumores apresentaram sobrevida global mediana de 28,94 meses, quase o dobro da média geral de 15,9 meses observada nesses cânceres. Na sobrevida livre de recidivas, ausência de retorno da doença, a média entre os vacinados alcançou 16,33 meses.

O ensaio clínico "Amplify-201", de fase 1, acompanhou 25 pacientes durante 20 meses após a remoção cirúrgica dos tumores. Entre os participantes, 84% desenvolveram células T específicas para combater os tumores associados à mutação KRAS.

"Este é um avanço empolgante para pacientes com cânceres induzidos por KRAS, particularmente câncer de pâncreas, em que a recorrência após o tratamento padrão é quase certa e as terapias atuais são limitadas. Observamos que os pacientes que desenvolveram fortes respostas imunológicas à vacina permaneceram livres da doença e sobreviveram por muito mais tempo do que o esperado", destaca o professor da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), Zev Wainberg, um dos líderes da pesquisa, em comunicado.

Os dados do estudo também revelaram que 67% dos pacientes desenvolveram respostas imunológicas contra outras mutações tumorais além das inicialmente previstas, ampliando o potencial terapêutico da vacina.

A mutação no gene KRAS provoca ativação constante da proteína correspondente, levando ao crescimento celular descontrolado e formação de tumores. Essa característica torna os cânceres associados a essa mutação particularmente agressivos e com altas taxas de recorrência após tratamentos convencionais.

A pesquisa foi conduzida em centros médicos especializados em oncologia, com participação de pesquisadores da UCLA. Os sintomas desses tipos de câncer geralmente aparecem em estágios avançados, o que dificulta o tratamento precoce.

Ao contrário de outras abordagens personalizadas, a vacina "ELI-002 2P" foi desenvolvida como produto pronto para uso. Os pesquisadores já iniciaram um estudo de fase 2 para avaliar uma versão aprimorada, denominada "ELI-002 7P".