Pessoas com diagnóstico de transtornos psiquiátricos têm maior probabilidade de se casar com parceiros que apresentam a mesma condição mental. É isso o que mostrou um estudo publicado na última quinta-feira (28/8) na revista “Nature Human Behavior”. 

O estudo envolveu a análise de dados de 14,8 milhões de indivíduos em Taiwan, Dinamarca e Suécia, abrangendo nove transtornos mentais: esquizofrenia, transtorno bipolar, depressão, ansiedade, transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, autismo, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transtorno por uso de substâncias e anorexia nervosa.

Após a análise, os pesquisadores descobriram que, quando um dos cônjuges possui algum transtorno psiquiátrico, o outro apresenta chances significativamente maiores de ter a mesma condição ou outro tipo de transtorno mental.

"O principal resultado é que o padrão se mantém em todos os países, em todas as culturas e, claro, em todas as gerações", afirmou o pesquisador de população e genética do Instituto Laureate para Pesquisa do Cérebro em Tulsa, Oklahoma, Chun Chieh Fan, coautor do estudo, em entrevista à Nature.

Os cientistas não determinaram com precisão todos os mecanismos que explicam esse compartilhamento de transtornos entre casais, mas propuseram três teorias principais para o fenômeno. Primeiro, as pessoas podem se sentir atraídas por quem se parece com elas. Talvez elas se entendam melhor devido ao sofrimento compartilhado", sugeriu o pesquisador Fan.

O estudioso também mencionou que ambientes compartilhados podem tornar os parceiros mais semelhantes ao longo do tempo, processo conhecido como "convergência". Além disso, Fan apontou que o estigma social associado a transtornos psiquiátricos pode reduzir as opções de parceiros para pessoas com essas condições.

A pesquisa ainda apontou que filhos de casais onde ambos os pais têm o mesmo transtorno psiquiátrico apresentam o dobro de probabilidade de desenvolver a mesma condição, em comparação com crianças que têm apenas um dos pais afetado.

De acordo com os pesquisadores, os resultados obtidos podem contribuir para orientações mais precisas a casais sobre riscos genéticos, auxiliando em decisões mais informadas. Eles ponderam, porém, que estudos adicionais são necessários antes de mudanças nas práticas de comunicação de riscos por parte dos psiquiatras.