Um ingrediente chave para a durabilidade e o brilho dos esmaltes em gel, o TPO (óxido de trimetilbenzoil difenilfosfina), está oficialmente proibido em produtos cosméticos na União Europeia a partir desta segunda-feira (1/9). A decisão, motivada por preocupações sobre sua potencial toxicidade para a reprodução, acende um debate global sobre a segurança do produto, que continua com uso autorizado no Brasil e nos Estados Unidos.

O TPO desempenha um papel fundamental na tecnologia dos esmaltes em gel. Ele atua como um fotoiniciador, a substância que reage à luz UV ou LED para endurecer o esmalte, criando a camada resistente que pode durar semanas sem lascar. Foi justamente essa função que o colocou no centro das atenções das agências reguladoras europeias.

Classificação de risco

O banimento foi o ápice de um processo iniciado em maio de 2024. Após análises, a União Europeia classificou o TPO como uma substância "CMR categoria 1B", indicando que estudos, majoritariamente em animais, apontaram potencial para ser carcinogênico, mutagênico ou tóxico para a reprodução. Embora os efeitos em humanos ainda não sejam considerados definitivos, a classificação foi suficiente para incluir o componente na lista de ingredientes proibidos em cosméticos.

A medida impactou diretamente toda a cadeia produtiva e de serviços de beleza na Europa. Fabricantes, importadores e salões de beleza tiveram que se adaptar à nova regra, sendo obrigados a eliminar seus estoques de produtos com TPO.

Segundo a determinação, não haverá "exceções, nem limite de tempo para vender" os itens que contenham a substância. Profissionais do setor manifestaram resistência, argumentando que o prazo para a substituição foi insuficiente.

Curiosamente, a proibição se restringe ao uso cosmético. "O TPO também é usado como um fotoiniciador em obturações dentárias — mas a proibição europeia se aplica apenas a ingredientes cosméticos", destaca um ponto levantado por importadores.

Outros pontos de atenção sobre esmaltação em gel

Além da questão química envolvendo o TPO, especialistas alertam para outros riscos associados à popular manicure em gel. O podólogo Dr. Saylee Tulpule apontou ao The Post que a própria luz UV, necessária para o procedimento, pode aumentar o risco de câncer de pele.

Outro ponto de vulnerabilidade é a saúde da própria unha. O processo de "afinar ou enfraquecer a placa ungueal antes de aplicar a cor de gel durável", como descreve o especialista, pode levar a danos estruturais.

Há também um risco biológico: quando o gel começa a se descolar da unha natural, cria-se um espaço úmido propício para a proliferação de bactérias como a Pseudomonas. Essa infecção pode causar uma mancha de coloração verde ou azul na unha.

Recomendações para os consumidores

Para os consumidores no Brasil, onde o TPO segue permitido pelas autoridades sanitárias locais, a recomendação de especialistas é a cautela. Aqueles que desejam minimizar riscos podem adotar algumas práticas:

  • Questionar o profissional: perguntar sobre a composição do esmalte e solicitar produtos livres de TPO, caso disponíveis;
  • Aumentar o intervalo: espaçar as sessões de manicure em gel para permitir que as unhas se recuperem;
  • Garantir a ventilação: realizar o procedimento em ambientes bem ventilados para reduzir a inalação de quaisquer compostos voláteis.