"A camisa rubro-negra só se veste por amor". O verso do hino do Athletico Paranaense se tornou um mantra para o psicólogo Igor Stocco, de 27 anos, torcedor do clube rubro-negro. Ele viajou de Curitiba a Belo Horizonte para acompanhar a equipe, que briga contra o rebaixamento, no último compromisso pelo Campeonato Brasileiro. A partida será neste domingo (8), às 16h, na Arena MRV. O confronto, no entanto, não terá a presença das torcidas, por causa da punição recebida pelo clube mineiro devido aos incidentes na final da Copa do Brasil. 

"Queria mesmo era estar dentro do estádio, e não assistindo ao jogo pela televisão. Fico triste pelo que ocorreu na final da Copa do Brasil e que resultou nessa decisão (jogo sem a presença de público). Mas espero que esse meu gesto possa mostrar para o elenco e para a comissão técnica que eles não estão sozinhos. Espero que isso possa dar esperança e vigor", relata o torcedor. 

O voo de Curitiba para Belo Horizonte havia sido comprado antes do segundo duelo da final da Copa do Brasil - partida em que torcedores do Atlético arremessaram bombas e outros objetos no gramado da Arena MRV, o que resultou na punição de seis jogos sem a presença de público para o clube mineiro. Mesmo ciente de que não poderia ir ao estádio, Stocco optou em não remarcar ou cancelar as passagens. 

"Sempre tive comigo que iria aproveitar esse ano, que é o centenário do clube. Não vou abandonar o Athletico só porque as coisas não estão acontecendo como a gente esperava", justifica o torcedor que herdou do seu pai a paixão pelo clube rubro-negro. Uma relação que se intensificou na primeira década dos anos 2000, quando ele foi pela primeira vez acompanhar uma partida do Furacão no estádio. "Era um jogo do Campeonato Paranaense, não valia muita coisa. Só que aquilo me impactou muito, e eu sempre dizia para o meu pai que queria ir mais vezes", conta.

Para Stocco, o drama enfrentado pelo Athletico Paranaense no ano do seu centenário, que chega à última rodada do Brasileirão com chances de ser rebaixado, ocorre por uma série de "decisões equivocadas" por parte dos dirigentes no planejamento para a temporada. Aliado a isso, a decisão do técnico Cuca, que é torcedor do Furacão, em deixar o clube. Na ocasião, o treinador justificou que o grupo de jogadores precisava de um "sangue novo". Cuca deixou a equipe com aproveitamento de 66% - foram 14 vitórias, quatro empates e cinco derrotas.

"O planejamento desse ano não foi aquilo que a gente esperava. Aconteceram erros desde o ano passado. Tivemos a saída do Cuca, algumas contratações questionáveis. Foi uma soma de fatores e agora a equipe briga pela permanência na Série A", avalia. Segundo o Departamento de Matemática da UFMG, o Athletico Paranaense tem 16,8% de chances de queda para a Série B. Além do Furacão, o Galo (com 3,8%), o Fluminense (com 11,5%) e o Red Bull Bragantino (com 67,9%) também entram em campo na última rodada, podendo ser rebaixado.

Uma vitória, no entanto, garante a permanência do Athletico Paranaense na elite do futebol nacional. Em caso de derrota ou empate, a equipe paranaense torce para que o Red Bull Bragantino não vença o Criciúma. Em caso de vitória do Massa Bruta, o Furacão precisa empatar com o Galo e torcer para o Fluminense não pontuar contra o Palmeiras. "A gente espera sempre a vitória. Só que o mais importante, agora, é continuar na Série A. Independente de como for", finaliza.