Um membro da torcida Galoucura foi condenado a 49 anos de prisão e sete meses de prisão, por um homicídio duplamente qualificado e também uma tentativa de homicídio, no caso envolvendo a morte do torcedor do Cruzeiro Rodrigo Marlon Caetano Andrade, de 25 anos, no dia 6 de março de 2022, em Belo Horizonte. O julgamento aconteceu nesta quarta-feira (13/8).
Inicialmente, o acusado recebeu duas penas de 29 anos e nove meses de prisão. Pela morte de Rodrigo, uma delas se manteve. Já a segunda, como a vítima foi atingida por um disparo deferido pelo torcedor atleticano mas conseguiu sobreviver, a punição foi reduzida em 1/3. Somando ambas, o homem foi condenado a 49 anos e sete meses de detenção em regime fechado, sem direito a recorrer em liberdade
O juiz Luiz Felipe Sampaio Aranha determinou a expedição de mandado de prisão para o acusado, que está foragido e não compareceu à sessão de julgamento, embora tenha enviado um vídeo confessando o crime por meio dos advogados de defesa.
O magistrado destacou que o acusado é dirigente de torcida organizada e se valeu de sua posição para instigar a violência, "desvirtuando os valores do esporte", com consequências graves para a sociedade.
Ele também falou que como consequência da violência praticada pelas torcidas organizadas, os jogos de futebol têm ocorrido com torcida única, afastando dos estádios famílias e os verdadeiros torcedores. O juiz enfatizou ainda a gravidade do crime ocorrido "em plena luz do dia, em via pública, colocando em risco a vida de transeuntes"
Relembre o caso
Segundo denúncia do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), no dia 4 de julho de 2022, integrantes da Galoucura Zona Leste combinaram um encontro no bairro Boa Vista, na região Leste de Belo Horizonte, antes do jogo entre Atlético e Cruzeiro, que aconteceria no Mineirão.
Nas proximidades do local do encontro, havia uma distribuidora de bebidas, onde os torcedores compravam bebidas e conversavam. Por volta das 11h, um grupo de torcedores da Máfia Azul chegou ao local, atirando pedras, porretes, pedaços de pau e artefatos explosivos artesanais contra os torcedores atleticanos, que revidaram nos mesmos moldes, criando uma briga generalizada.
Neste momento, Yuri sacou arma de fogo que portava ilegalmente e atirou contra a torcida rival, matando Rodrigo e atingindo um outro torcedor. Após os crimes, ele ainda apontou a arma novamente em direção a outros torcedores rivais, sendo impedido pelos colegas de torcida de atirar novamente.
A denúncia considerou que os crimes contra as vítimas foram cometidos por motivo torpe e podem ser definidos como crimes de ódio, praticados com recurso que dificultou a defesa das vítimas, que não poderiam esperar que houvesse uso de armas de fogo por integrantes da torcida rival.