Copa América

Convidado político, Catar chega com missão de evoluir até a Copa do Mundo

Seleção conquistou inédito título da Copa da Ásia, mas deverá ser o saco de pancadas no grupo B

Por Josias Pereira
Publicado em 16 de junho de 2019 | 09:01
 
 
 
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A seleção do Catar chega à Copa América embalada pela inédita conquista da Copa da Ásia, torneio disputado nesse ano, nos Emirados Árabes Unidos. Da campanha até a grande decisão, contra o Japão, em Abu Dhabi, o time levou apenas um gol e venceu todos os sete jogos. Esse foi o primeiro sucesso do Catar em um torneio continental e também a primeira derrota imposta ao Japão na decisão da Copa da Ásia. Mesmo com boas perspectivas futuras, os anfitriões da próxima Copa do Mundo deverão ser o saco de pancadas do grupo B da Copa América. Mas, como é sempre bom salientar, não existe mais bobo no futebol. O Super FC apresenta algumas das características da seleção convidada para a disputa do torneio continental. 

Razões políticas por trás de convite

A equipe catari ocupa a posição de número 55 no ranking da Fifa e sua presença na Copa América deste ano se dá por motivos bem específicos. O primeiro deles partiu de uma sugestão da própria Fifa, que deseja rodagem aos anfitriões do próximo Mundial, ainda inexperientes do ponto de vista internacional.  A outra razão é política. A Conmebol deseja ter o apoio de países asiáticos na disputa pela sede da Copa do Mundo de 2030. Não à toa, convidou, além do Catar, o Japão para a edição da Copa América deste ano. A intenção seria também contar com a China, mas o convite foi recusado porque o país deverá ser um dos grandes rivais da candidatura conjunta de Argentina, Paraguai e Chile pelo Mundial de 2030. 

O técnico 

Félix Sánchez. Ele comandou a base do Barcelona entre 1996 e 2006. Apesar de não ter experiência como atleta, é um verdadeiro estudioso do futebol e vem fazendo um trabalho de valorização da base catari desde 2013, quando assinou seu primeiro vínculo com a federação local. Antes, ele comandava a Aspire Academy, o embrião dos talentos esportivos do Catar. Sánchez assumiu a seleção principal do país asiático em 2017. Liderou o Catar à inédita conquista da Copa da Ásia e teve seu contrato renovado até o Mundial de 2022. 

Dá para sonhar?  

Pela influência barcelonista, uma das grandes inspirações do técnico Félix Sánchez é Pep Guardiola. E ele leva isso para a seleção do Catar, que durante a Copa da Ásia mostrou-se um time que gosta de trocar passes e trabalhar a bola para buscar as melhores opções de ataque. Seguir à risca essa dinâmica contra Argentina, Paraguai e Colômbia será bem difícil. Quando se vê acuado, o Catar não foge da velha dinâmica futebolística de fechar a casinha. Com jogadores jovens, a Copa América será o primeiro teste para valer dessa seleção, que pode se mostrar perigosa no contra-ataque. Todavia, a deficiência na transição entre defesa e ataque e até mesmo a condição física dos atletas, todos eles jogando no mundo árabe, deverão fazer do Catar o saco de pancadas da chave B.   

O craque 

Almoez Ali. 22 anos. 

Atacante do Al-Duhail, do Catar, o jogador foi o artilheiro da Copa da Ásia, com nove gols marcados. Na final, contra o Japão, marcou um golaço de bicicleta, tento que abriu o caminho para o 3 a 1 aplicado pelos cataris. Esse gol também fez com que Almoez se tornasse o maior goleador em uma única edição de Copa da Ásia. Antes dele, o recorde era de Ali Daei, do Irã, que em 1996 tinha marcado oito gols na Copa da Ásia daquele ano. 

O artilheiro nasceu na verdade no Sudão e mudou-se para o Catar ainda criança com seus pais fugindo da Guerra no país africano. Sua carreira no futebol confunde-se com um dos projetos esportivos do Catar, a Aspire Academy, criada para observar talentos no país. Em 2004, Almoez passou pela iniciativa do governo. Ele jogou nas categorias de base do Eupen, da Bélgica, mas se profissionalizou no LASK Linz, da Áustria. Todavia, não permaneceu na Europa e retornou para o Catar onde logo tornou-se ídolo do Al-Duhail. 

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